Oratório Peregrino
Um oratório à maneira de um viático para tempos de carestia
Uma proposta desenvolvida em parceria com
Irmãs do Carmelo de Cristo Redentor – Aveiro
LIII Passo | SÃO JOSÉ, HOMEM DO SILÊNCIO E DA CONTEMPLAÇÃO
A Exortação Apostólica Redemptoris Custos reserva uma reflexão longa sobre o primado da vida interior afirmando também que se “os Evangelhos falam exclusivamente daquilo que José fez; no entanto, permitem-nos auscultar nas suas ‘ações’, envolvidas pelo silêncio, um clima de profunda contemplação” (nº 25). Às vezes, por não termos nenhuma palavra de José nos Evangelhos transformamo-lo num mudo, entretanto o silêncio que o acompanha revela o seu perfil interior. Deste seu perfil interior, Jesus e Maria tiveram uma participação especial e a Casa de Nazaré tornou-se assim a escola do Evangelho, um Templo de graça. Ali Jesus submeteu-se a José e Maria, e esta submissão foi o modo com o qual Jesus santificou os deveres de família e do trabalho.
Uma das considerações mais comuns que fazemos a respeito de São José é de que ele é o Homem do Silêncio. É assim que ele aparece nos Evangelhos. Os relatos dos evangelistas que referem poucas palavras pronunciadas por Maria, não conservaram nenhuma de José, como se o silêncio fosse uma característica de sua personalidade.
Quando José percebe que Maria está grávida, vive em silêncio o dilacerante problema, pensando em deixá-la secretamente e o evangelista não nos relata um diálogo com Maria para esclarecer a situação, mas simplesmente uma aparição do Anjo que dá uma explicação serenando o ânimo de José.
Enquanto o Anjo lhe pede para tomar Maria como sua esposa ele não diz uma palavra. A sua resposta consistiu em conformar-se com os desígnios de Deus: “José fez como lhe tinha ordenado o Anjo do Senhor e tomou consigo a sua esposa” (Mt 1,24), sua resposta foi um comportamento dócil no cumprimento da vontade divina.
Nos episódios do nascimento e apresentação de Jesus no Templo, José participa de todo o coração nos acontecimentos dos quais é testemunha, mas sem dizer uma palavra. Mesmo nestas circunstâncias em que se podia esperar uma manifestação dos seus sentimentos, ele conserva o silêncio. Quando encontra Jesus sentado no meio dos doutores no Templo, deixa a palavra a Maria para pedir uma explicação.
O silêncio de José não é pobreza de espírito. É um silêncio que acolheu o mistério da presença do Verbo feito carne e que apreciou a sua riqueza. Ele era consciente de que o mistério no qual foi introduzido com Maria era inexprimível. Ele é o exemplo do homem cuja riqueza interior se desenvolve silenciosamente.
José com sua atitude convida-nos hoje a apreciar o silêncio, a reservar momentos de silêncio na nossa vida para melhor nos podermos abrir ao mistério divino que dá sentido à nossa vida. Mediante o silêncio ele pode viver intensamente unido a Jesus e Maria. Vivendo com eles, deixava-se penetrar, em silêncio, pelas suas presenças e enriquecia-se com os tesouros neles contidos.
O silêncio era para ele o melhor modo de viver o amor mais profundo. Ele preencheu o próprio silêncio com tudo aquilo que lhe era dado pela presença do Salvador e de sua Mãe. Era um silêncio atento a tudo aquilo que significava esta presença, e sempre aberto para receber tudo aquilo que se lhe apresentava.
A todos àqueles que olham para José, ele não cessa de indicar a grandeza do silêncio: silêncio para acolher Jesus e a sua revelação para viver em comunhão com a alma meditativa de Maria, para deixar-se seduzir pelo amor de Deus.
Oração
São José homem da contemplação e do silêncio.
Em ti não há protagonismos,
Quase passas despercebido,
Não fosse o facto de teres a missão singular
De seres o pai do Filho de Deus.
Modelo dos contemplativos,
Mestre dos espirituais,
Alcança-me do Pai a graça de eu ser capaz de fazer silêncio,
De estar atento à voz do Pai,
Deixando-me conduzir por Ele,
Para que do silêncio fecundo,
Desponte o amor que faz novas todas as coisas.
São José, roga por mim!
Imagem: O sonho de José, por José Luzán [1710 – 1785].