Ter. Abr 23rd, 2024

As relações humanas e os ambientes

Georgino Rocha

Introdução: Os nossos dias oferecem-nos as características de uma sociedade líquida, fragmentada, em convulsões de parto, a necessitar de refazer a confiança, de um hospital de campanha, de um ponto fixo em que se apoiar na gestação do novo ser a emergir. Daí, a importância de conhecermos o que pensam pessoas autorizadas e sensatas, de nos familiarizarmos com a mensagem da Igreja, sobretudo do Papa Francisco, e de nos envolvermos como cidadãos-cristãos, a partir dos ambientes em que nos situamos. Daí, a necessidade de irmos às raízes comuns e, como a semente a germinar, acompanharmos o sonho de Deus no seu projecto de comunhão integral. 

Matriz da relação humana

A matriz da relação humana está no acto criador do nosso ser e a sua configuração nas situações concretas que somos chamados a viver. Na criação, Deus sonha o ser humano como masculino e feminino e encomenda-lhe uma entusiasmante missão: a de crescer, de ser fecundo, de cuidar da criação, de velar pela terra, isto é a de estabelecer laços consistentes e relacionais.

O par humano, fiel a esta missão, sente-se feliz e acolhe a visita de Deus enquanto sopra uma brisa suave ao cair da tarde. A relação dá-se em quatro dimensões convergentes e realça a harmonia do projecto sonhado pelo criador. São elas: a de Deus com os seres humanos como suas criaturas, a destes entre si como fraternos porque filhos da mesma matriz, a destes com os bens da criação, a do ser humano em si mesmo, fruto da consciência pessoal que acolhe e integra as dimensões anteriores. E o olhar humano, reflexo do divino, vê que tudo é bom e belo! O ambiente era saudável, a convivência agradável, o apoio mútuo revigorante, a interdependência natural.

Todavia, esta maravilha é alterada. Surgem as tensões, as rupturas, os conflitos, as acusações. “Adão, que fizeste? … Caim, onde está o teu irmão? O sangue dele clama contra ti” E as perguntas podem multiplicar-se, reformulam-se ao longo da história, chegam aos nossos dias e interpelam-nos. E nós precisamos de aprofundar este vasto campo, o do relacionamento humano, digno e assertivo, nos ambientes de vida.

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