Sex. Mar 29th, 2024

À VOLTA DO NOVO TESTAMENTO 2

Pe. Júlio Franclim do Couto e Pacheco

Leia aqui o Diálogo com Trifão, de S. Justino


(Imagem de S. Justino de Roma)

–  INTRODUÇÃO  –

Na Igreja primitiva desconhecia-se inteiramente a expressão «Padres Apostólicos». Foi introduzida pelos eruditos do séc. XVII.

Os escritos dos Padres Apostólicos são de carácter pastoral. Pelo seu conteúdo e estilo estão estreitamente relacionados com os escritos do Novo Testamento, em particular com as Epístolas. Podem ser considerados, por conseguinte, como ligações entre a época da revelação e a da tradição, e como testemunhas de grande importância para a fé cristã. Os Padres Apostólicos pertencem a regiões muito distintas do Império romano: Ásia Menor, Síria, Roma. Escrevem, obedecendo a circunstâncias particulares. Apresentam, no entanto, um conjunto uniforme de ideias, que nos proporciona uma imagem clara da doutrina cristã nos finais do séc. I.

Nota típica de todos estes escritos é o seu carácter escatológico. A segunda vinda de Cristo é considerada como iminente. Por outro lado, a recordação da persona de Cristo continua a ser algo vivo, devido às relações directas destes autores com os Apóstolos. Daqui que os escritos dos Padres Apostólicos acusem uma profunda nostalgia de Cristo, o Salvador que já se foi e que é ansiosamente esperado. Frequentemente este desejo de Cristo reveste una forma mística, como em S. Inácio de Antioquia.

A estes ligamos a figura de S. Justino. A sua convicção da verdade de Cristo, expressa em três obras apologéticas, era tão completa que ele teve morte de mártir, sendo decapitado no ano 165 d.C..