Domingos Peixoto
Familiares, amigos, antigos colegas ou alunos, coralistas e instrumentistas não esquecem o professor, o amigo, o maestro que prematuramente deixou um lugar vazio na cultura, na liturgia, na sociedade aveirense. Nesta memória revivem momentos marcantes da sua presença, da sua atividade e forma de estar no mundo da música.
O 5.º aniversário da partida do Prof. António Mário coincide como 10.º da inauguração de um instrumento a que ele está indissoluvelmente ligado – o grande órgão da sé de Aveiro -, em cujo planeamento a sua experiência e saber tiveram um papel determinante, tanto na escolha da registação, como em pormenores técnicos de algumas partes da mecânica.
A partir da inauguração, celebrada em 13 de Julho de 2013, o novo instrumento passou a imprimir redobrada dignidade e particular solenidade à celebração da liturgia na catedral, passando, ao mesmo tempo, a ser o centro da cultura organística na cidade. E o Prof. António Mário foi uma pedra basilar nesta ‘missão’ do órgão novo, com uma intervenção assídua, tanto na em celebrações solenes diocesanas ou paroquiais como em concerto, tanto acompanhando como dirigindo, tanto improvisando como tocando repertório organístico.
Podemos evocar, a título de exemplo, a sua atuação num dos concertos inaugurais, em 6 de Setembro de 2013, improvisando em alternância com os trechos cantados pelo coro da ‘Frauensclola Exulta Sion Freiburg’ e da ‘Schola Gregoriana der Hochschule für Musik Freiburg’, sob a direcção de Christoph Hönerlage, ou o concerto de 10 de Dezembro desse mesmo ano (encerramento da Missão Jubilar e comemoração dos 75 anos da restauração da diocese), em que tocou a solo, acompanhado pela Orquestra Filarmonia das Beiras, sob a direcção do maestro António Vassalo Lourenço.
De resto, quem se não lembra das suas incontáveis presenças na liturgia, sempre que a disponibilidade lho permitia, bem como em concertos corais à frente da Capella Antiqua, do Coro da Catedral de Aveiro – de que foi o maestro fundador –, do Coro de Santa Joana e de outros, dentro e fora da igreja, um pouco por toda a diocese?
A obra deixada pelo Prof. António Mário Costa é semente, energia e estímulo para se continuar um projeto que ficou em aberto. Cabe-nos a todos nós honrar a sua memória, não deixando soçobrar a missão de formar, promover a prática musical, cultivar a beleza e a graça, na Igreja e no mundo.