Questões de educação
António Franco
No relatório sobre os resultados das Provas Globais, o IAVE conclui que os alunos portugueses já recuperaram, quase totalmente, as aprendizagens perdidas com os confinamentos resultantes do Covid.
Para janeiro, os alunos do 3.º ano irão fazer mais uma prova de aferição, por causa das dúvidas. Parece-me dinheiro deitado à rua, dado que se adivinham os resultados: sucesso total dos programas de recuperação levados a cabo, pelo menos no papel.
Entretanto, no resto da Europa, as preocupações acentuam-se dadas as reconhecidas perdas de aprendizagens sofridas pelos alunos devido aos confinamentos. Por aqui exulta-se pois, ao contrário da maioria dos outros países, os nossos alunos já recuperaram. Pelo andar da carruagem, um dia destes, o Ministério da Educação ainda os manda a todos para Ensino Doméstico. Não sei como o Presidente da República, para quem os portugueses são os melhores do mundo em tudo e mais alguma coisa, ainda não se pronunciou sobre mais este milagre português.
Claro que, nas escolas, os professores falam do que ficou por aprender, das competências que ficaram por adquirir e desenvolver e das consequências que isso irá ter para a vida futura dos alunos. Mas isso é nas escolas, onde, como sabemos, trabalham pessoas que nada percebem do assunto. Pelos vistos, os que percebem da poda estão fechados em gabinetes, a perorar teoricamente sobre uma realidade que não conhecem e na qual não estão inseridos.
Entretanto a vida nas escolas continua e, chegados ao final do 1.º período, há que fazer o balanço de quatro meses de aprendizagens. Como se poderá constatar, a avaliação vai ser um sucesso, seja porque os alunos já recuperaram oficialmente dos danos causados pela pandemia, seja porque dar um nível insatisfatório, negativa como era usual dizer-se antes dos modernismos do pedagogicamente correto, dá uma carga de trabalhos ao professor que tem de assumir, por escrito a culpa por todo e qualquer insucesso dos seus alunos. Desta forma, caminhamos para um sucesso pleno, o que traduzido por outras palavras pode significar de “vitória em vitória até à derrota final”.
O problema da educação é que os resultados só serão visíveis alguns anos depois de adotadas as medidas, pelo que, no futuro, e à semelhança do que acontece com outras situações da vida, ninguém se lembrará de quem foi a responsabilidade por tudo aquilo que agora está a acontecer.
Se os portugueses fossem tão exigentes com os responsáveis pelo Ministério que regula o ensino dos seus filhos como são com os responsáveis pelo seu clube de futebol ou pela Seleção Nacional, outro galo cantaria.
Mas não desanimemos, pois o tempo é de esperança.
Que o Menino que nasceu em Belém há mais de dois mil anos, nos traga a paz e a concórdia de que tanto necessitamos.
Um Santo e Feliz Natal para todos vós.
Imagem de 愚木混株 Cdd20 por Pixabay