Questões de educação
António Franco
1. Os Politécnicos manifestaram-se contra o facto de irem passar a ser exigidas duas provas de acesso ao ensino superior. Durante anos, os alunos puderam aceder à maioria dos cursos dessas instituições com apenas a nota de uma prova específica. Segundo os próprios Politécnicos, se esta lei estivesse já em vigor, 18% dos alunos que atualmente os frequentam, não teriam reunido condições para terem entrado. Para apoiar o seu protesto, não teria sido melhor fazerem-no acompanhado de um estudo que mostrasse a taxa de abandono destes alunos e, já agora, a de conclusão do curso e os anos necessários para fazê-lo, de forma a provar que esses alunos conseguem ter sucesso? Não o tendo feito, é mais uma discussão vazia de conteúdo, na medida em que não sabemos qual o sucesso/insucesso desses alunos.
2. Já as críticas, que se ouvem a propósito da eventual falta de preparação de muitos alunos para enfrentarem o ensino superior, caem por terra quando, uma parte do sistema protesta contra uma medida que irá filtrar essas entradas e, em princípio, aumentar a exigência.
3. Refira-se, no entanto, que, à semelhança de situações anteriores, houve recuo governamental. Primeiro, lançou-se a ideia peregrina de acabar com os exames para conclusão do secundário. Depois, perante a reação da sociedade civil, o governo voltou atrás, embora, como sempre, não o tivesse assumido e decretou a obrigatoriedade da realização de três exames e a exigência de duas provas específicas para entrar no ensino superior. Pelo meio, deixou os alunos na incerteza de qual a situação que se aplicará a cada um, pois ainda não é claro qual o calendário para a sua aplicação. Certo é que está a ser dito aos alunos que poderão utilizar as notas dos exames realizados este ano, durante os próximos cinco anos, não esclarecendo que, dada a alteração, poderão vir a precisar de exames que agora não realizaram por não serem obrigatórios.
4. Entretanto, no polo oposto, estão os cursos que exigem três específicas. Quantas irão passar a exigir? E qual o exame sacrificado se tiverem de passar a ser apenas duas? E se continuarem a ser três, a terceira será Português ou os alunos terão de fazer afinal quatro exames? E quando se saberá isto?
5. A falta de previsibilidade do ensino em Portugal deixará marcas profundas no futuro, pois a mudança de regras a meio do jogo não costuma ser uma boa herança. Aliás, porque seria o ensino, nesse aspeto, diferente da restante realidade portuguesa? Veja-se a política fiscal, por exemplo. Não haverá nenhum responsável com dois dedos de testa que veja que sem estabilidade e previsibilidade, seja na educação ou política fiscal, não vamos a lado nenhum?
2. Já as críticas, que se ouvem a propósito da eventual falta de preparação de muitos alunos para enfrentarem o ensino superior, caem por terra quando, uma parte do sistema protesta contra uma medida que irá filtrar essas entradas e, em princípio, aumentar a exigência.
3. Refira-se, no entanto, que, à semelhança de situações anteriores, houve recuo governamental. Primeiro, lançou-se a ideia peregrina de acabar com os exames para conclusão do secundário. Depois, perante a reação da sociedade civil, o governo voltou atrás, embora, como sempre, não o tivesse assumido e decretou a obrigatoriedade da realização de três exames e a exigência de duas provas específicas para entrar no ensino superior. Pelo meio, deixou os alunos na incerteza de qual a situação que se aplicará a cada um, pois ainda não é claro qual o calendário para a sua aplicação. Certo é que está a ser dito aos alunos que poderão utilizar as notas dos exames realizados este ano, durante os próximos cinco anos, não esclarecendo que, dada a alteração, poderão vir a precisar de exames que agora não realizaram por não serem obrigatórios.
4. Entretanto, no polo oposto, estão os cursos que exigem três específicas. Quantas irão passar a exigir? E qual o exame sacrificado se tiverem de passar a ser apenas duas? E se continuarem a ser três, a terceira será Português ou os alunos terão de fazer afinal quatro exames? E quando se saberá isto?
5. A falta de previsibilidade do ensino em Portugal deixará marcas profundas no futuro, pois a mudança de regras a meio do jogo não costuma ser uma boa herança. Aliás, porque seria o ensino, nesse aspeto, diferente da restante realidade portuguesa? Veja-se a política fiscal, por exemplo. Não haverá nenhum responsável com dois dedos de testa que veja que sem estabilidade e previsibilidade, seja na educação ou política fiscal, não vamos a lado nenhum?
Imagem de F1 Digitals por Pixabay