Pe. Georgino Rocha
Os nazarenos ouviram notícias acerca de Jesus e sentiam-se orgulhosos. Finalmente um “filho” da terra tinha nome e fama. De Cafarnaum, sobretudo, provinham comentários muito abonatórios e religiosos. E Jesus lembra-os no comentário tenso ocorrido na sinagoga após a proclamação do «manifesto do Reino» feita a partir do texto de Isaías. “Faz também aqui na tua terra o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum”. Finalmente, alguém podia “resgatar” a memória das vítimas trucidadas pela repressão romana e fazer ressurgir a consciência e a dignidade da autonomia “nacional”.
Orgulhosos acolhiam Jesus nas visitas que fazia à terra natal, depois do início da missão em público. A fama credenciava a recordação agradável da vida em família, da convivência com a vizinhança, do cumprimento dos preceitos religiosos, na simplicidade na arte de ganhar ao pão e de fazer algo socialmente útil. Acolhiam e gostavam de o ouvir falar, pois dizia “palavras cheias de graça” d que suscitavam pergunt7as existenciais.
O episódio ocorrido na sinagoga de Nazaré, que hoje é proposto na liturgia, faz eco deste ambiente em torno de Jesus. Admirados, os presentes levantam uma série de questões que manifestam a evolução a evolução preocupantes do seu estado de espírito: do encanto à perplexidade e à suspeita, da escuta atenta à fúria e à repulsa, do acolhimento amigo à expulsão violenta, ao propósito de o matar. A que se deverá esta mudança tão radical?
A resposta terá de encontrar-se no que Jesus disse e nos exemplos que aduziu. Expurgou da citação de Iseias a referência ao dia de «vingança do nosso Deus» que no texto está a seguir ao anúncio do ano da graça Is 61, 2. E ampliou o âmbito da misericórdia aludindo â viúva de Sarepta a quem o enviado o profeta Elias, e ao sírio Naamã, o leproso que vem pedir a cura a Eliseu. Dois estranhos a serem distinguidos contrapondo-os aos judeus, fiéis observantes religiosos.
O Deus que Jesus anuncia não tem fronteiras e a sua relação com o povo não é de vingança, mas de amor, de acolher e de integrar a todos. Manifesta efusivamente este modo de ser em gestos regenerativos da dignidade humana e do tecido social solidário. Esta face de Deus espelha-se com intenso brilho em movimentos de forte pendor espiritual, como nos focolarini fundados por Chiara Lubich.
Segundo relata a Ecclesia, 14 de Janeiro de 2023, as crianças do Movimento dos Focolares estão a dinamizar uma iniciativa que apela à paz, e desafiam outras crianças a fazer um desenho, a escrever um poema ou uma carta sobre esta temática, e enviá-la para os seus governantes.
“Somos algumas crianças e adolescentes que nos esforçamos por construir a paz na escola, em casa, no desperto, procurando ser amáveis e ajudando quem precisa”, explicam numa nota enviada à Agência ECCLESIA pelo Movimento dos Focolares em Portugal.
Com esta iniciativa mundial as “crianças em ação pela paz”, as crianças Focolarinas procuram pretendem responder à interrogação como é que podem ajudar os amigos que estão no meio da guerra e vão pedir aos chefes de Governo e/ou de Estado que “ajudem os povos em guerra a fazer a paz”.
A quem quiser associar-se a esta iniciativa é sugerido que faça um desenho ou que escreva uma carta, um poema, sobre a paz, com o cabeçalho #kidsaction4peace, para enviar para os governantes políticos em cada país, e outras nações, entre 25 e 30 de janeiro.
A nota das crianças do movimento ecuménico assinala ainda que a 30 de Janeiro assinala-se o Dia Escolar da Não-Violência, e que nos dias 9 e 10 de fevereiro há uma reunião de governantes em Bruxelas.
Jesus anuncia o Deus da paz, dom e tarefa, fruto da misericórdia divina e do esforço humano. E deixa à sua Igreja a nobre missão de participar na edificação de um mundo em que haja a paz.