No 20.º aniversário da Morte do Pe. Arménio
Padre Arménio – Músico. A sua relação com os órgãos de Aveiro [7]
Domingos Peixoto
A recuperação do órgão da Igreja da Vera Cruz (cont.)
Numa segunda fase, fizeram-se as seguintes alterações:
- a) – A supressão da ‘oitava curta’ (na correspondência designada por ‘contraída’), aumentando o teclado para a completar:
“[…] Tenciono ir aí para resolvermos como se há-de fazer o aumento no órgão; eu, logo que possa ir aí, avisarei, que é para o Sr. Pe. Arménio estar presente. Sem mais, cumprimentos ao Sr. Pe. Arménio e os meus cumprimentos para o Sr. Prior. José Rodrigues”[1].
- b) – A substituição de registos: “Os registos têm que ser todos reparados e até substituídos, pois certos timbres já se não usam na igreja”[2]. Trata-se certamente dos registos Dulçaina, Baixãozinho e Clarim, ainda hoje inscritos na consola. Os tubos substituídos foram, mais tarde, oferecidos ao organeiro:
“Exmo. Sr. Prior […] Também agradeço a oferta dos tubos. E uma recordação que fico de Aveiro. E muito obrigado. José Rodrigues”[3].
- c) – O acrescento de um pedal de redução dos cheios:
“[…] A pedaleira [pedal] para o forte, também vou ver se haverá facilidade de a colocar; creio que sim […] Sem mais, cumprimentos ao Sr. Pe. Arménio; e o Sr. Prior receba os cumprimentos do amigo José Rodrigues”[4].
- d) – Foi ainda projectado o acrescento de uma pedaleira, o que não se chegou a concretizar:
“[…] O Sr. Pe. Arménio disse que a pedaleira, devido ao teclado estar muito recuado, não dá jeito a tocar […] Sem mais, cumprimentos ao Sr. Pe. Arménio; e ao Sr. Prior, de mim e meu filho, o qual lhe fica muito grato. José Rodrigues”[5].
Concluídos os trabalhos, fez-se a inauguração oficial, não sabemos se numa missa ou em concerto. As despesas do mês de Novembro de 1959 registam um pagamento de 600$00 ao organista César de Morais. Este compositor e crítico musical (1918-92) foi organista da Igreja de Nossa Senhora da Conceição (Porto) e professor do Conservatório de Música do Porto. Refira-se que César de Morais apresentou ao Concurso Nacional de Composição Carlos Seixas, em 1963, uma obra intitulada “Peça para Grande Órgão”[6].
Está registada até 1969 a vinda regular dos organeiros para a manutenção do órgão. A terminar, note-se uma pequena compra, que revela uma preocupação pedagógica na formação dos organistas: a aquisição, em 30 de Junho de 1962, de Organistes célèbres, a colectânea em uso para os organistas paroquiais.
[1] APVC – Pasta do restauro do órgão, Carta de 1959.05.05.
[2] Ib., Carta de 1958.10.30, a pedir a comparticipação do Ministério das Obras Públicas.
[3] APVC – Pasta do restauro do órgão, Carta de 1961.05.30.
[4] Ib., Carta de 1959.06.16.
[5] Ib., Carta de 1959.02.24.
[6] Cf. Celina Martins, O Tríptico para Órgão, de Manuel de Faria, p.26: https://ria.ua.pt/handle/10773/1154.