No 25.º aniversário da morte de Júlia d’Almendra (1904-92) (1)
Nota introdutória
Por Domingos Peixoto
“Não sei se alguma vez a Igreja terá premiado um seu servidor com mais justiça do que o fez neste momento com a Sr.ª D. Júlia d’Almendra”.
São palavras do eminente compositor bracarense Cónego Dr. Manuel Faria, na cerimónia em que Júlia d’Almendra foi agraciada com a Medalha Pro Ecclesia et Pontifice (Fátima, Setembro de 1974), no decorrer da 25.ª semana Gregoriana. Por sua vez, Jacques Chailley, então Director da Faculdade Musicologia da Sorbonne – Paris e Presidente da Consociatio Internationalis Musicae Sacrae, atesta que “o nome de Júlia d’Almendra deverá figurar em primeiro lugar entre os servidores da música sacra”[1].
Júlia d’Almendra é uma figura marcante da nossa cultura musical do séc. XX, no campo específico da música sacra. Daí a opção de iniciar esta colaboração com a Comissão Diocesana da Cultura assinalando o 25.º aniversário da morte da impulsionadora do movimento gregoriano em Portugal e fundadora da nossa primeira escola de música sacra com cursos superiores – o Centro de Estudos Gregorianos/Instituto Gregoriano de Lisboa – para formar os músicos da Igreja.
As maior parte das notas remetem para a revista Canto Gregoriano. Como ‘órgão do Centro de Estudos Gregorianos’, esta pequena revista tinha o duplo objectivo de formar e informar. Além de ser um espelho das actividades da escola, das Semanas Gregorianas e do movimento gregoriano no mundo, a revista publicava interessantes trabalhos, não apenas sobre o canto gregoriano, mas também sobre temas diversos, geralmente no âmbito da música sacra. Mas aí encontramos, igualmente, comentários críticos às diversas actividades culturais, didácticas e litúrgicas, bem como reflexões pessoais da própria Júlia d’Almendra, ora sobre o contexto espiritual e formativo do trabalho, ora sobre os problemas da música litúrgica em Portugal.
[1] Revista Canto Gregoriano, número especial dedicado a Júlia d’Almendra, pp.5-6. Cf. D. Peixoto 2017, Júlia d’Almendra e o movimento organístico em Portugal, Lisboa, By the Book.
(Foto: http://centroward.wixsite.com/centrowardlisboa/j)