Aveirenses no Episcopado
Rubrica dedicada à divulgação da história de bispos nascidos no território da diocese de Aveiro, nas suas duas fases: entre 1774 e 1882 – 1.ª fase | depois de 1938 – 2.ª fase
Textos da autoria de Monsenhor João Gonçalves Gaspar, recolhidos do livro Diocese de Aveiro: subsídios para a sua história, Aveiro: Edição da Diocese de Aveiro, 2014.
Textos publicados nos dias 24 e 11 de cada mês | A diocese de Aveiro foi restaurada em 1938, com bula do Papa Pio XI, datada de 24 de agosto desse ano, e executada em 11 de dezembro.
João Gonçalves Gaspar (Monsenhor)*
D. Manuel de Almeida Trindade
D. Manuel de Almeida Trindade nasceu no dia 20 de abril de 1918 em Monsanto da Beira, do concelho de Idanha-a-Nova, mas de ascendência proveniente do concelho de Anadia, porque o pai, Daniel Ferreira da Trindade, era de Avelãs de Cima e a mãe, Gracinda Rodrigues de Almeida, de Avelãs de Caminho, que então se ocupavam em trabalhos do marquês da Graciosa, nessas terras da Beira-Baixa. Ainda criança veio para Anadia e, no lugar da Malaposta, frequentou a escola primária (1925-1929). Seguidamente cursou estudos no seminário de Coimbra (1930-1934) e na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma (1934-1940), onde alcançou os graus de licenciatura em filosofia e de bacharelato em teologia. Em 07 de fevereiro de 1939 (CDA, livro da correspondência oficial, fl. 13), porque ainda era seminarista, o administrador apostólico de Aveiro concedeu-lhe «licença para residir na diocese de Coimbra, por tempo ilimitado, ficando desligado da nossa jurisdição.» Tendo recebido a ordem presbiteral em 21 de dezembro de 1940 no seminário de Coimbra, onde já iniciara a docência, o bispo D. Manuel Luís Coelho da Silva nomeou-o vice-reitor do dito seminário em 02 de novembro de 1941 e, em 16 de fevereiro de 1946, o bispo D. António Antunes escolheu-o para fazer parte do cabido da sé; em 02 de abril de 1957, passou a desempenhar o cargo de reitor do mesmo seminário. No dia 12 de abril seguinte, o papa Pio XII distinguiu-o como seu ‘prelado de honra’, com o título de monsenhor. De outubro de 1960 a junho de 1962, acumulou o ónus de professor contratado na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, equiparado a catedrático, regendo a cadeira ‘origens do cristianismo’. Para as armas de fé optou pelo seguinte brasão, em forma francesa antiga: – Triângulo radiante em campo azul (símbolo da Santíssima Trindade); pomba volante de prata em campo vermelho (símbolo do Espírito Santo na sua atividade criadora); ondas do mar numa referência a Aveiro; por cima, a cruz, o báculo e a mitra – tudo envolvido pelo chapéu episcopal, de três borlas em cada lado; no listel, a inscrição: – ‘Spir. Dei fer. svp. Aqvas’ (‘O Espírito de Deus pairava sobre as águas’ – Gén. 1, 2).
* Academia Portuguesa da História
Imagem: Wikipédia