Sáb. Out 12th, 2024

Aveirenses no Episcopado

Rubrica dedicada à divulgação da história de bispos nascidos no território da diocese de Aveiro, nas suas duas fases: entre 1774 e 1882 – 1.ª fase | depois de 1938 – 2.ª fase
Textos da autoria de Monsenhor João Gonçalves Gaspar, recolhidos do livro Diocese de Aveiro: subsídios para a sua história, Aveiro: Edição da Diocese de Aveiro, 2014.

Textos publicados nos dias 24 e 11 de cada mês | A diocese de Aveiro foi restaurada em 1938, com bula do Papa Pio XI, datada de 24 de agosto desse ano, e executada em 11 de dezembro.


João Gonçalves Gaspar (Monsenhor)*

 

D. frei Manuel de S. Joaquim Neves

D. frei Manuel de S. Joaquim Neves nasceu na freguesia do Bunheiro, do concelho da Murtosa, em 27 de agosto de 1775; foi religioso da Ordem de S. Domingos, onde professou em 1793. No dia 19 de maio de 1794 chegou a Goa, integrado numa missão de doze dominicanos. Em 22 de setembro de 1798 recebeu o sacramento da ordem de presbítero, pelas mãos do arcebispo D. frei Manuel de Santa Catarina. Frequentou diversas cadeiras, entre as quais a de filosofia em que alcançou o grau académico de leitor (lente) no dia 03 de novembro de 1801. Na sua Ordem Religiosa, serviu como vigário-geral por algumas vezes. De março de 1811 a dezembro de 1817 e de abril de 1824 a novembro de 1848 desempenhou o cargo de governador episcopal de Cochim; e, mesmo com acumulação, também foi escolhido para exercer idênticas funções na arquidiocese de Cranganor em três períodos: – de abril de 1806 a janeiro de 1810; de abril de 1824 a janeiro de 1826; e de outubro de 1838 a novembro de 1848. A rainha D. Maria II, por decreto de 23 de abril de 1845, galardoou-o com a comenda de cavaleiro da Ordem de Cristo. Em 12 de novembro deste ano, a mesma soberana nomeou-o e apresentou-o ao santo padre Gregório XVI para o múnus de arcebispo de Cranganor; contudo, não chegou a ser confirmado pela Sé Apostólica nem recebeu a ordem episcopal, talvez por ser já de idade avançada, ou por motivo de saúde, ou por outra qualquer razão. Breve tempo decorrido, no dia 10 de janeiro de 1849, D. frei Manuel de S. Joaquim Neves faleceu em Coulão (Quilon), onde residiu habitualmente durante o tempo em que governou eclesiasticamente Cochim; os seus restos mortais foram sepultados na capela de Santa Cruz da Tangacheira, que ele mandara construir.


* Academia Portuguesa da História