Aveirenses Ilustres
Irmãos Couceiro da Costa – Ministros da Justiça
Cardoso Ferreira (textos)
Francisco Manuel Couceiro da Costa foi ministro da justiça em 1919, no governo liderado por José Relvas. Jorge Couceiro da Costa foi secretário e ministro da Justiça em 1918, no governo de Sidónio Pais e após o seu assassínio. Os irmãos nasceram em Vilarinho (Cacia), filhos de Francisco Couceiro da Costa, que também era formado em Direito e que exerceu diversos cargos judiciais.
Francisco Manuel Couceiro da Costa
Francisco Manuel Couceiro da Costa nasceu no dia 12 de setembro de 1870, e faleceu no dia 21 de abril de 1925, em Viena, capital da Áustria. Formado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, iniciou a sua carreira profissional como conservador do Registo Predial, após o que foi delegado do Ministério Público e juiz de Direito, em Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, Moçambique e Índia. Politicamente, pertenceu ao Partido Evolucionista. Exerceu diversos cargos políticos e administrativos, entre os quais, o de Governador da Índia Portuguesa (114.º e o primeiro após a proclamação da República), entre 1910 e 1917, o de ministro da Justiça, de 27 de janeiro a 30 de março de 1919, cargo que acumulou com o de ministro interino dos Negócios Estrangeiros (substituindo o estarrejense Egas Moniz), durante o governo liderado po José Relvas, após o que foi ministro plenipotenciário em Madrid (de 1919 a 1921), Berlim (de 1921 a 1922) e Viena (de 1922 a 1924). No dia 16 de outubro de 1924, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo. Do casamento de Francisco Manuel Couceiro da Costa com Clotilde Ferreira Pinto Basto, filha de Gustavo Ferreira Pinto Basto e de Maria José de Almeida Azevedo, nasceram: Rui Pinto Basto Couceiro da Costa, Maria José Pinto Basto Couceiro da Costa, Maria Clotilde Pinto Basto Couceiro da Costa, Rui Gustavo Couceiro da Costa, Maria Clementina Ferreira Pinto Basto Couceiro da Costa e Maria Augusta Pinto Basto Couceiro da Costa. Em Cacia, há uma rua com o seu nome.
Rui Gustavo Couceiro da Costa, filho
Rui Gustavo Couceiro da Costa nasceu na cidade da Praia (Cabo Verde), no dia 8 de janeiro de 1901, e faleceu em Lisboa, no dia 3 de dezembro de 1955. Iniciou os estudos secundários no Liceu de Pangim (Índia Portuguesa), enquanto o seu pai era Juiz e depois Governador-Geral do Estado da Índia. Aos 14 anos foi para Coimbra, ficando entregue a seu tio Egas Ferreira Pinto Basto, lente da Faculdade de Ciências, cidade onde concluiu o curso liceal e onde se licenciou e doutorou em Química, especializando-se em análise de gases no Instituto de Hidrologia do Collège de France, após o que lecionou diversas disciplinas na Universidade de Coimbra. Entre os cargos que desempenhou destacam-se o de diretor interino do Instituto Botânico, secretário interino da Faculdade de Ciências, diretor do Laboratório Químico, secretário da Faculdade de Ciências, diretor do Centro de Estudos de Química Nuclear e Radioquímica, vogal da Comissão Técnica dos Métodos Químico-Analíticos do Ministério da Economia, membro da União Internacional de Química Pura e Aplicada, sócio da Sociedade Portuguesa de Física e Química, membro do Instituto de Coimbra e de outros organismos científicos nacionais e estrangeiros Publicou diversos livros, entre os quais “Análise dos gases espontâneos das nascentes de águas minerais”, “Considerações sobre alguns métodos potenciométricos de Análise” e “Dosagem microquímica do tálio”.
Jorge Couceiro da Costa
Jorge Couceiro da Costa nasceu em Vilarinho, Cacia, no dia 20 de março de 1858, e faleceu na cidade do Porto, no dia 7 de junho de 1937. Tal como o pai e o irmão, também se formou em Direito pela Universidade de Coimbra, seguindo depois a carreira de magistrado a qual culminou com a sua ascensão ao cargo de juiz do Supremo Tribunal de Justiça, carreira que conciliou com a atividade política, a escrita e a colaboração com alguns órgãos de comunicação social.
Em termos políticos, foi membro do Partido Centrista Republicano, tendo exercido o cargo de Secretário de Estado da Justiça e dos Cultos, de 8 de outubro de 1918 a 16 de dezembro de 1918, seguindo-se o de Ministro da Justiça e dos Cultos, de 16 de dezembro de 1918 a 23 de dezembro de 1918, no governo de Sidónio Pais. De realçar que volvido pouco mais de um mês (e dois governos), no dia 27 de janeiro do ano seguinte, o cargo de Ministro da Justiça passou para as mãos do seu irmão Francisco Manuel. Jorge Couceiro da Costa publicou o livro “Reminiscência Judiciais”, e colaborou na comunicação social, nomeadamente na revista “Civilização”.
Fernão Couceiro da Costa, filho
Do seu casamento com a aveirense Ismália de Almeida Vilhena, nasceram Diogo Vaz Couceiro da Costa e Fernão Couceiro da Costa. Fernão Couceiro da Costa nasceu em Aveiro, no dia 1 de agosto de 1895, e faleceu na cidade do Porto, no ano de 1957. Após cursar na Escola de Guerra, na Arma de Cavalaria, licenciou-se e doutorou-se em Matemática na Universidade do Porto, na qual foi professor catedrático da Faculdade de Ciências. De 1935 a 1937, desempenhou o cargo de Governador Civil do Porto. Nos anos de 1937 e 1938, foi diretor do Instituto do Vinho do Porto. De 1945 a 1949, foi deputado da Assembleia Nacional. Exerceu diversos cargos diretivos da União Nacional (partido oficial do regime de então) a nível do distrito do Porto.
(A rubrica «Aveirenses ilustres» é disponibilizada em parceria com o jornal diocesano Correio do Vouga)