Editorial do Correio do Vouga
(Parceria com o Jornal Diocesano Correio do Vouga)
Jorge Pires Ferreira*
Por diversos motivos a pessoa do Doutor Pinho perdurará nas nossas memórias. Para muitos, foi o professor de Direito Canónico. Para outros, alguns padres, foi o educador no Seminário de Aveiro e nas comunidades de seminaristas mais velhos que a diocese de Aveiro teve em Lisboa e no Porto. Foi o juiz do tribunal eclesiástico, tribunal em que “a salvação do homem é a lei suprema”. Para mim, foi ainda professor de Filosofia e de Latim, no ensino secundário do Seminário de Aveiro.
Gostaria, contudo, de realçar outras duas facetas do Doutor Pinho. Ele tinha uma ironia muito fina e um sentido de humor muito próprio, que de algum modo pareciam contradizer a pessoa de forte presença que se mostrava. Era habitual começar uma aula, uma conferência ou até uma homilia com um caso histórico, ou até pessoal, que, além de prender a atenção dos que o escutavam, revelava o tal humor próprio das pessoas inteligentes. E além do humor, revelava sensibilidade humana.
O outro aspeto é que foi diretor deste jornal de 1973 a 1990. No tempo em que a informação tinha outro ritmo – e os jornais eram mais relevantes –, ele escrevia todas as semanas um “artigo de fundo”, algo sobre a política internacional ou nacional, como a remodelação do governo, a nova arquitetura da Europa, a visita de Jonas Savimbi a Portugal, ou a queda do Muro de Berlim, para referir apenas alguns assuntos do seu último ano no Correio do Vouga.
Há tempos alguém me dizia: “Às vezes sinto falta daqueles artigos do Doutor Pinho sobre política internacional”… Não tive oportunidade de dizer isto ao Doutor Pinho, mas deixo agora o agradecimento pelo serviço que prestou à Igreja, também nas páginas deste jornal.
*Diretor do Correio do Vouga
Foto: UCP