Qui. Abr 25th, 2024

Educação em Ciência e Religião

Miguel Oliveira Panão (Texto)

Muitas dificuldades dos jovens em lidar com o diálogo entre ciência e religião prende-se não tanto com a cultura científica, porque a conseguem através de livros apropriados a essa divulgação, mas antes com a cultura teológica. Essa pode ser dada através de livros de divulgação teológica/filosófica. E esses existem poucos, ou não estão traduzidos em português. No meu percurso destaco Teilhard de Chardin embora só o tenha lido mais tarde por não ser uma edição muito divulgada. Pena…
Se temos tantos livros de divulgação científica, penso que precisamos de mais livros de divulgação teológica. Quantos conceitos incorrectos de Deus não seriam esclarecidos, sabendo que falar de Deus será sempre incorreto porque de Deus apenas sabemos o que nos ensinou Jesus. Daí a importância e o fascínio da teologia. Ajudar-nos a perceber o que Jesus nos ensinou nas palavras e com a sua própria vida. Aí está tudo o que precisamos de saber, mas sem a teologia, não conseguiremos perceber. Os livros sobre ciência e religião são, do meu ponto de vista, um excelente exemplo de livros de divulgação teológica através da linguagem filosófica.
Sintetizar ciência e religião num processo educativo não é trivial e dos poucos trabalhos que conhe-ço (e que existem, provavelmente), destaco um livro pioneiro sobre educar em Ciência e Religião, editado pela Gradiva, da autoria do Prof. João Paiva, da Universidade do Porto e pelo falecido P. Alfredo Dinis, um homem de um diálogo ímpar com os não-crentes.
Uma das frases nele escrito que não esqueço e que mais justifica a importância do seu contributo é “Mais ciência, melhor religião”

Ao que eu acrescentaria o inverso, “melhor religião, mais ciência” porque se o universo é a linguagem através da qual Deus nos fala, a ciência é a nossa tentativa criativa de perceber um pouco o que Deus nos quer dizer.
Introduzir a educação a este diálogo nas escolas seria uma novidade. Se ao menos as escolas Católicas pudessem ser protagonistas… seria um testemunho que na história daria origem a uma autêntica (r)evolução cultural. Fica o desafio.