Modos de interação entre ciência e religião
Uma Questão de Silêncio
Miguel Oliveira Panão
“Senhor, ouve a minha prece…”
É uma frase que ouvimos com frequência. E, em cada diálogo que procuramos fazer com Deus, “frequentemente”, Ele parece responder com o silêncio. Acontece que muitos aguardam sinais audíveis, como diante de outra pessoa cuja face vemos, mas são antes confrontados com o silêncio de Deus.
Da experiência do silêncio de Deus, alguns são tentados a pensar na Sua inexistência, e desses alguns, poucos acabam por tomar mesmo a decisão de deixar de acreditar em Deus.
Depois, confrontados com a morte diante dos desastres naturais, atentados terroristas, doenças incuráveis, ou acidentes fatais, questionam – “Onde está Deus?” – E dessa pergunta experimentam o mesmo silêncio pronunciado por aqueles que partem e nada mais poderão dizer. Quantas pessoas gostariam de ter dito a alguém que a amavam e, por via da contingência, não o puderam fazer.
O silêncio aparenta ser sinal de ausência, do vazio, do nada. E será?
Quando alguém te fala, falas por cima ou escutas… em silêncio?
Quando estás diante de uma paisagem de uma beleza insólita falas ou contemplas… em silêncio?
Quando te encontras ao lado de quem sofre, sabes sempre o que dizer, ou simplesmente ficas sem palavras e sofres com essa pessoa numa presença… silenciosa?
O silêncio de Deus é escuta atenta, contemplação que inspira, presença consoladora. Porém, desse silêncio surge uma Palavra pronunciada em infinitos tons. O desafio estará em saber ouvir, ver e estar.
Questão: que experiência fazes de Deus pelo silêncio?
