Dom. Mai 5th, 2024
Notícia e fotos recolhidas da Agência Ecclesia

D. Manuel Felício diz que Parlamento tem dever de proteger «valor fundamental e sagrado da vida humana»

O bispo da Guarda manifestou publicamente a sua oposição aos projetos de legalização da eutanásia em Portugal, considerando que ao Parlamento compete, pelo contrário, proteger o “valor fundamental e sagrado da vida humana”.

“Não poderemos consentir que as pessoas possam vir a ser tratadas como matéria descartável, pois para a sociedade promover a eutanásia será sempre mais barato do que investir em condições de apoio aos mais frágeis, como é o caso da rede de cuidados paliativos”, escreve D. Manuel Felício, numa nota enviada à Agência ECCLESIA.

A tomada de posição acontece uma semana antes do debate sobre a discussão dos projetos de lei sobre a morte medicamente assistida apresentados pelo BE, PS, PAN, PEV e IL para despenalização da eutanásia.

Segundo o bispo da Guarda, o que está em causa na eutanásia como no suicídio assistido é “rejeitar a proteção do valor fundamental e sagrado da vida humana, da qual nenhum homem ou mulher pode dispor e que a sociedade, com empenho de todas as suas instituições, tem o dever de proteger até ao fim”.

O direito à vida é aquele sem o qual todos os outros não têm valor nem sentido e deve ser defendido em todas as circunstâncias”.

D. Manuel Felício alerta para o facto de faltar a “garantia absoluta” de que a pessoa que pede a morte manterá essa decisão, se as circunstâncias se modificarem.

“Todos sabemos que há formas sofisticadas de induzir sobretudo nos mais débeis, seja por razões de idade seja por razões de doença incurável ou outras, o pedido da eutanásia”, indica.

Foto: Diocese da Guarda

O bispo da Guarda recorda que a despenalização da eutanásia foi rejeitada na última legislatura da Assembleia da República, considerando que “este assunto foi um não assunto na campanha eleitoral que precedeu as últimas eleições”.

O responsável católico critica quem procura aproveitar a “nova relação de forças” na Assembleia da República para “tomar decisões sobre assuntos tão graves como a eutanásia, nas costas dos eleitores”.

“Apelo, por isso, também à responsabilidade ética e política dos nossos deputados para se posicionarem corretamente na defesa da vida, quando for discutido e votado este assunto”, refere D. Manuel Felício.

Pela parte que me toca, tenciono deixar por escrito a minha declaração de vontade de que, se, por qualquer motivo, algum dia eu cair na tentação de pedir para ser eutanasiado, não me levem a sério, mas, pelo contrário, considerem que, de facto, perdi o uso das minhas faculdades mais nobres”.

O presidente da República vai receber na próxima semana um grupo de líderes religiosos de várias confissões e o Bastonário da Ordem dos Médicos, que pediram uma audiência a propósito do debate sobre a eutanásia.

OC