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AS COMUNIDADES PASTORAIS AO SERVIÇO DA EVANGELIZAÇÃO

AS COMUNIDADES PASTORAIS AO SERVIÇO DA EVANGELIZAÇÃO

Cartas Pastoral

AS COMUNIDADES PASTORAIS AO SERVIÇO DA EVANGELIZAÇÃO

Estimados diocesanos, 

Aproximamo-nos da abertura de um novo ano pastoral, que vai exigir de todos nós um redobrado esforço para continuarmos a refletir e a implementar as comunidades pastorais. Nesta breve nota pastoral apresento algumas ideias e atitudes pastorais a implementar que me parecem importantes para a nossa Igreja diocesana.

1. A missão da Igreja é evangelizar – anunciar a boa nova de Jesus

Evangelizar significa anunciar a boa nova do reino de Deus e do amor do Pai manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado para a salvação da humanidade.

A missão da Igreja é realizar a missão de Jesus. Jesus pregou a conversão (cf. Mc 1,15), expulsou demónios (cf. Mc 1,21-28), curou enfermos (cf. Mc 1,29-30) e perdoou pecados (Lc 19, 1-10). O que a Igreja pretende é corresponder ao mandato missionário do seu fundador: «Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado» (Mt 28,19-20). Os seus discípulos são enviados para irem de casa em casa e de aldeia em aldeia a anunciarem o evangelho do reino.

A tarefa de evangelizar constitui a missão essencial da Igreja: ela existe para evangelizar. Num tempo que é novo, marcado por uma cultura diferente, plural, multifacetado e pluricultural, só mudando e adequando os modelos organizativos e os processos de ação pastoral, podemos transmitir o que não muda.

A reflexão eclesiológica do Concílio Vaticano II e as notáveis mudanças sociais e culturais a que temos vindo a assistir, levaram as várias Igrejas particulares, onde se inclui a nossa Igreja de Aveiro, a reorganizar de modo diferente a pastoral das comunidades paroquiais. Isto exige que iniciemos novas experiências, valorizando a dimensão da comunhão, a fim de melhor correspondermos às necessidades atuais da evangelização. Atuar de maneira isolada, sem essa experiência de “olhar juntos”, não ajuda à construção do Reino qualquer que seja a nossa vocação no seio da comunidade cristã.

No início do seu ministério, o Papa Francisco recordou a importância da “criatividade”, que significa “procurar novos caminhos“, ou seja, “procurar o caminho para que o Evangelho seja anunciado“. Recentemente, o Papa Leão XIV, no início do seu ministério, apelou a percorrermos caminhos de comunhão e unidade: “Queremos dizer ao mundo, com humildade e alegria: Olhai para Cristo! Aproximai-vos d’Ele! Acolhei a sua Palavra que ilumina e consola! Escutai a sua proposta de amor para vos tornardes a sua única família. No único Cristo somos um. E este é o caminho a percorrer juntos – entre nós, mas também com as Igrejas cristãs irmãs, com aqueles que percorrem outros caminhos religiosos, com quem cultiva a inquietação da busca de Deus, com todas as mulheres e todos os homens de boa vontade – para construirmos um mundo novo onde reine a paz”.

2. A conversão pastoral

A primeira condição para acolher Jesus e a sua missão, a missão da Igreja, é a conversão. Falar de conversão significa mudança de rumo, mas, mais do que mudar, significa crescer no conhecimento do Senhor, na escuta da Palavra de Deus e na capacidade que esta tem para nos transformar, sendo a comunhão também um dos elementos fundamentais da conversão pastoral. A comunhão, princípio agregador na comunidade pastoral, deve promover um espírito de encontro e de união nas diversidades legítimas, à imagem da Santíssima da Trindade. Realiza-se mediante a escuta da Palavra de Deus, a profissão da mesma fé, a celebração dos sacramentos, nomeadamente os sacramentos de iniciação cristã – Batismo, Confirmação e Eucaristia – e a vida da caridade entre todos.

Para que o caminho da conversão se torne realidade é necessário que as comunidades cristãs adotem uma opção missionária decisiva, «capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal adequado para a evangelização do mundo de hoje e não para a autopreservação» (EG 27).

3. A corresponsabilidade pastoral – todos somos responsáveis

A conversão é o convite de Jesus a cada um de nós: bispos, presbíteros, diáconos, consagrados e leigos, todos são chamados a assumir uma atitude de permanente conversão pastoral, a passar de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária. Isto vai-se transmitindo às comunidades, convidando-as a enfrentar os desafios do tempo presente e a olhar para o futuro. Todos somos responsáveis e protagonistas nesta Igreja que existe para evangelizar, pois os sacramentos da iniciação cristão constituem-nos em discípulos missionários.

Até que ponto e como é que a força do Evangelho está em condições de transformar verdadeiramente o ser humano dos nossos dias e as comunidades onde se inserem? Quais os métodos que hão de ser seguidos para que a proclamação da boa nova do Reino seja eficaz? Como apresentar, nos dias de hoje, uma cristologia da kénosis, da gratuidade, do pastor em busca da ovelha perdida? 

O grande desafio para a conversão pastoral da vida da Igreja é intensificar a mútua colaboração de todos no testemunho evangelizador a partir dos dons e serviços de cada um. A Igreja não só chama o mundo à conversão, mas ela mesma sente necessidade de converter-se. A conversão pastoral, caminho missionário para toda a Igreja, supõe uma verdadeira conversão pessoal e requer que as comunidades eclesiais sejam comunidades de discípulos missionários, pelo que se torna necessário aprofundar as razões e motivações que permitam converter cada crente em verdadeiro discípulo. “Todos somos chamados a dar aos outros o testemunho explícito do amor salvífico do Senhor, que, sem olhar às nossas imperfeições, nos oferece a sua proximidade, a sua Palavra, a sua força, e dá sentido à nossa vida”. (EG 121). Sem obediência ao Espírito, que nos desinstala das nossa “zonas de conforto”, faltar-nos-á a audácia e a criatividade para empreender ações que permitam, aos nossos contemporâneos a experiência do Deus que se revela em Jesus Cristo.

4. A paróquia ao serviço da evangelização

A paróquia é o espaço onde a maioria dos crentes vivem e alimentam a sua fé. Dentro da Igreja diocesana, a paróquia é a comunidade que, ao estar ligada a um determinado território, melhor assegura a consolidação e a continuidade da vida cristã num determinado lugar. Ela procura responder a uma exigência pastoral concreta, isto é, aproximar o Evangelho do povo através do anúncio da fé e da celebração dos sacramentos. 

O Papa São João XXIII dizia que a paróquia era como o fontanário da aldeia, onde todos iam matar a sede. Por sua vez, o Papa Francisco, ao falar da paróquia, afirmou que «a paróquia é presença eclesial no território, âmbito para a escuta da Palavra, o crescimento da vida cristã, o diálogo, o anúncio, a caridade generosa, a adoração e a celebração. Através de todas as suas atividades, a paróquia incentiva e forma os seus membros para serem agentes da evangelização. É comunidade de comunidades, santuário onde os sedentos vão beber para continuarem a caminhar, e centro de constante envio missionário» (EG 28).

É necessário fazer a passagem de uma pastoral que tem como preocupação fundamental o instruir na fé os praticantes e alimentar a vida cristã dos fiéis através da celebração dos sacramentos, à promoção de uma pastoral missionária (cf. RM 33) que torne presente na sociedade atual a força libertadora e salvadora de Jesus Cristo.

5. Grupos paroquiais em estilo sinodal

Embora a paróquia não seja a única instituição evangelizadora, se for capaz de se reformar e adaptar continuamente, continuará a ser a mesma Igreja que vive entre as casas dos seus filhos. Isto pressupõe que esteja realmente em contacto com as casas e com a vida da aldeia, da vila e da cidade, e não se torne uma estrutura separada das pessoas. 

Devemos reconhecer que o apelo à revisão e renovação das paróquias ainda não deu frutos suficientes, para que estas sejam lugares de comunhão e participação vivas, e sejam completamente orientadas para a missão. A nossa diocese de Aveiro tem como propósito, no plano pastoral para o triénio (2024-2027), criar e implementar as comunidades pastorais como resposta às urgências e desafios do tempo presente, às solicitações e propostas do povo santo e fiel de Deus. 

Por comunidade pastoral entendemos uma comunidade de fiéis, configurada como agrupamento de paróquias confinantes que, conservando a sua identidade, estão chamadas a formar uma comunidade viva e orgânica, centrada em Jesus Cristo, com critérios pastorais comuns, com perfil pastoral missionário e sinodal; a comunidade pastoral está confiada a um ou mais presbíteros, com a participação ativa e corresponsável de fiéis leigos, diáconos permanentes e religiosos, por mandato do bispo diocesano. Ela tem como finalidade formar comunidades cristãs vivas, fraternas e orgânicas que permitam desenvolver as atividades apostólicas próprias de uma pastoral de evangelização em favor do Povo de Deus favorecendoe promovendo a participação e a corresponsabilidade de todos os seus membros.

O documento final do Sínodo de 2024 – Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão –afirmou que “a sinodalidade é o caminhar juntos dos cristãos com Cristo e para o Reino de Deus, em união com toda a humanidade; orientada para a missão, implica o encontro em assembleia nos diversos níveis da vida eclesial, a escuta recíproca, o diálogo, o discernimento comunitário, a formação de consensos como expressão da presença de Cristo no Espírito e a tomada de uma decisão em corresponsabilidade diferenciada. Nesta linha, compreendemos melhor o que significa que a sinodalidade é dimensão constitutiva da Igreja” (DF 28). 

Calendário

Segundo o Plano Pastoral apresentado no Dia da Assembleia Diocesana, dia 6 de julho e de acordo com os objetivos definidos, preveem-se as seguintes atividades, que é necessário acolher e dinamizar: 

Em outubro, dia 11, haverá formação para os dinamizadores de grupos paroquiais, com base no documento “As Comunidades Pastorais”. A seguir, cada paróquia deve fazer dois encontros com os grupos paroquiais em outubro e novembro, de tal forma que sejam enviadas para a Equipa Diocesana de Pastoral as respostas/reflexões até 15 de dezembro. O mesmo acontece com os encontros de janeiro e fevereiro e o envio das respostas/reflexões até 15 de março. Estes encontros podem ser feitos de acordo com o calendário das paróquias (um em cada mês, em duas semanas seguidas…).

As Assembleias Arciprestais decorrem depois da Páscoa e até 20 de maio, a fim de se preparar o documento para a Assembleia Diocesana que se realiza a 5 de julho. Estas datas serão calendarizadas no Conselho de Arciprestes.

No dia 5 de julho de 2026 realiza-se a Assembleia Diocesana.

Ao iniciarmos um novo ano pastoral, desejo que todos nos empenhemos como Igreja diocesana numa renovada pastoral evangelizadora e missionária, que responda ao que o Senhor nos pede e a Igreja necessita.

Que Santa Joana Princesa, nossa padroeira, nos acompanhe neste caminho.

Aveiro, 13 de setembro de 2025 (11º aniversário como bispo de Aveiro)

+ António Manuel Moiteiro Ramos, Bispo de Aveiro

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