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Abertura solene do Ano Jubilar

Abertura solene do Ano Jubilar

A esperança não engana (Rom 5,5)

1. A vocação fundamental da família

Celebramos hoje a festa da Sagrada Família, integrada na quadra de Natal, e a abertura solene do Ano Jubilar, tendo “a esperança” como tema central. Como diz São Paulo, «a esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado» (Rom 5,5).

O Evangelho de São Lucas narra a viagem de Jesus a Jerusalém quando tinha doze anos, por ocasião da festa da Páscoa.

São Lucas não quer oferecer-nos uma biografia pormenorizada de Jesus, mas dar-nos orientações para descobrir o seu carácter messiânico: «Porque Me procuráveis? Não sabíeis que devia estar em casa de Meu Pai?». Jesus no Templo, bem como na sua vida pública, mostra-se cumpridor da Lei; vai a Jerusalém para cumprir o que estava prescrito, mas nega-se a considerá-la como um valor supremo. A atenção aos planos do Pai obrigam-no, nesta ocasião, a cortar com as leis próprias de uma família. A procura por parte de Maria e de José não é em vão, e acabam por encontrá-lo no Templo. Convencidos como estavam de conhecer o seu Filho, agora descobrem n’ Ele uma nova faceta, uma relação de especial intimidade com Deus, a quem chama “Meu Pai”. Para José e Maria, este é o verdadeiro encontro.

A subida a Jerusalém termina com uma referência à vida em Nazaré, onde o Menino crescia em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens, sob a autoridade de Maria e José.

A primeira leitura apresenta-nos os deveres dos filhos para com os pais, tendo por base o amor recíproco que deve existir na família, concretizado em ações. Honrar pai e mãe é uma obrigação dos filhos para com os pais, mas também é um dever dos pais para com os filhos. A fonte do amor na família deve ser imagem e reflexo do amor de Deus para connosco, «Vede que amor tão grande o Pai nos concedeu, a ponto de nos podermos chamar filhos de Deus». A vocação fundamental da família é viver o amor, que faz de nós verdadeiros filhos de Deus.

2. O Ano Jubilar

Com a Eucaristia de hoje, damos início à abertura solene do Ano Jubilar proclamado pelo Papa Francisco para toda a Igreja. Este Ano Jubilar é um tempo favorável à conversão e à reconciliação entre todos os povos, trazendo desafios e exigências às nossas comunidades cristãs, no modo como vivem a sua fé e são capazes de a partilhar. Somos peregrinos da esperança e precisamos de transbordar esperança (cf. Rom 15,13) para testemunhar de modo credível e atraente a fé e o amor que trazemos no coração; para que a fé seja jubilosa, a caridade entusiasta; para que cada um seja capaz de oferecer um sorriso, um gesto de amizade, um olhar fraterno, sabendo que no Espírito de Jesus, isso pode tornar-se uma semente de esperança para toda a humanidade.

A peregrinação e a Indulgência Jubilar constituem como que o centro deste tempo favorável, onde a celebração do sacramento da Penitência deve ocupar um lugar importante. Quer a nossa Catedral quer o Santuário de Nossa Senhora de Vagos são espaços privilegiados onde, através do sacramento da Reconciliação, podemos fazer o encontro com Cristo, fonte da nossa esperança. Para tal, haverá um serviço organizado de confissões. Ao longo do ano, haverá peregrinações organizadas dos vários setores de pastoral, apelando-se à participação ativa do povo de Deus.

3. A caminhada sinodal da Diocese

O nosso Plano Pastoral para o próximo triénio (2024-2027), integrado na caminhada sinodal que a Igreja está a realizar, apela à corresponsabilidade, à sinodalidade e à ministerialidade. Para a sua concretização é fundamental a participação de todos os batizados, aprendendo a ouvir-nos uns aos outros e a partilhar os dons que o Espírito de Deus alberga no coração de cada um de nós.

A sinodalidade é um caminho que todos temos de percorrer, aprendendo a fazer caminho juntos, nas várias estruturas de participação, quer diocesanas e arciprestais quer paroquiais.

Os ministérios, ordenados ou instituídos, os serviços e os carismas requerem uma formação cristã adequada, a fim de que as comunidades cristãs se renovem e sejam testemunhas credíveis do Evangelho.

Quando se trata de escolhas relevantes para a vida e a missão de uma Igreja local, o Documento Final do Sínodo de outubro passado pede que se faça uma caminhada sinodal, como tempo de escuta, de oração e de discernimento, para que as tomadas de decisão sejam feitas com a participação do maior número possível de pessoas (nº 108). No último Conselho Presbiteral, do dia 4 de dezembro, foi aceite por todos os conselheiros que as comunidades pastorais são decisivas para a reorganização do território diocesano. Esta é, pois, a caminhada sinodal a que todos somos chamados a fazer nos próximos três anos. Esta reorganização vai exigir a colaboração de todos nós, Diocese e paróquias, com todas as suas estruturas. A necessidade desta reorganização não se prende com o decréscimo do número de sacerdotes, mas com a necessidade e os desafios que se colocam à missão da Igreja.

Embora sabendo que nem sempre é fácil alcançar metas, temos que nos deixar iluminar pela esperança cristã, na certeza de que o Espírito Santo, qual tocha bem acesa que nunca se apaga para dar apoio e vigor à nossa vida. Que a Família de Nazaré seja também, para todas as famílias, a esperança que a todos ilumina. Amen.

Aveiro, 29 de dezembro de 2024.

+ António Manuel Moiteiro Ramos, Bispo de Aveiro

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