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Taizé, Obrigado!

Taizé, Obrigado!

Este ano fui pela primeira vez a Taizé…

Nos dias que antecederam a viagem vivia numa mistura de ansiedade e entusiasmo com apreensão e reticência. Os testemunhos de amigos e colegas eram bastante positivos, mas alertavam para o impacto inicial que se poderia sentir. Estava com receio de me sentir a cair em Taizé de “paraquedas” e “perdido”…  fiz algumas pesquisas, procurei informar-me melhor sobre a semana que se avizinhava. Sentia-me com enorme disponibilidade e abertura para me entregar de corpo e alma a esta experiência.

Bem, entretanto, já passei uma semana Taizé, já passei outra cá em Aveiro, de volta à rotina, e agora que olho para trás só consigo pensar: “Foi incrível”. É-me difícil encontrar uma forma de me exprimir quanto àquilo que senti em Taizé, de descrever essa semana… Sinto que vivi tanto e de uma forma tão intensa! Sinto que cresci tanto, que aprendi tanto… A pessoa que voltou daquela comunidade é tão melhor do que a pessoa que lá chegou uma semana antes!

Em Taizé aprende-se a dar valor aos pequenos pormenores da vida, os que fazem a diferença e que realmente importam. Aprende-se a viver com pouco e que é possível ser-se muito feliz com esse pouco. Alguma vez na vida eu tinha pensado em fazer todas as refeições de uma semana única e exclusivamente com uma colher? E a verdade é que dá perfeitamente para tudo, só se tem de aprender os truques. Taizé faz-nos olhar e ver o lado positivo das coisas, mesmo quando esse lado possa estar meio desvanecido, permite-nos distinguir o essencial do superficial, de uma forma tão clara que nós mesmos nos surpreendemos com a vida supérflua que levamos no dia a dia.

A partilha e comunhão entre as pessoas é outro aspecto que particularmente me encantou nas vivências desta semana. Falamos todos uns com os outros de uma forma tão descomplexada, tão aberta que quando damos por nós já nos estamos a rir às gargalhadas com um grupo de desconhecidos. Fortalecem-se as amizades que levamos e criamos tantas outras… Todos os sorrisos, todas as brincadeiras, todos os desabafos, todas as lágrimas, todos os abraços… Ah os abraços… é impressionante como na semana em Taizé “o abraço” se tornou algo tão especial. Entre amigos, entre estranhos, com pessoas mais velhas, mais novas, não interessa… Aquele momento de cumplicidade, de apoio, de alívio, de bondade, de revitalização. É inexplicável!!

Mas a verdadeira essência de Taizé reside na introspeção, na reflexão, no pensamento (até porque toda a beleza natural a isso é propícia), nos momentos de silêncio, na procura da resposta para o mistério que é o sentido da vida, na descoberta de nós próprios… Em Taizé revela-se um alguém diferente dentro de nós, mas o alguém que realmente somos. Vivemos esta semana de um modo genuíno, autêntico, somos quem somos sem medo de opiniões alheias, onde valores como o respeito, a tolerância e o altruísmo estão sempre presentes. Sim, porque lá não vive cada um na sua casa; vivemos milhares de pessoas numa mesma comunidade e temos de ter sempre isso em mente, por exemplo, nas nossas tarefas de trabalho comunitário como limpar casas de banho ou lavar louça (as que fiz este ano), ou no simples ato de ajudar e cooperar com o próximo.

Para concluir, queria só referir que esta semana, foi sem dúvida das melhores experiências da minha vida. E não digo isto por dizer, digo-o do mais honesto e sincero que há no meu coração (porque em Taizé aprende-se a viver muito com o coração também). Aproveitei cada momento ao máximo, passei por vivências espetaculares, estive lá uma semana e já me sentia em casa. Quando me diziam que ”ir a Taizé era algo que não se explicava, que tinha mesmo de ser vivido”, confesso que achava uma frase feita e desvalorizava-a. Hoje, depois desta semana descobri, em boa verdade, o seu verdadeiro sentido. Taizé é como um sonho real, onde o mundo fica mais bonito e especial. É um paraíso inesquecível… até porque o verdadeiro impacto que senti não foi ao chegar lá, mas sim ao voltar à vida quotidiana. Agora olho para tudo de forma diferente, descomplicada, sem me perturbar com o insignificante e dando valor à simplicidade das coisas. Aprendi a privilegiar duas coisas que são grátis e estão ao alcance de todos: o abraço e o silêncio.

Só tenho a agradecer tudo o que cresci, tudo o que aprendi, tudo o que fui feliz, todas as pessoas que conheci, todos os momentos que passei, tudo o que vivi. Obrigado!

“Passa-se por Taizé como se passa perto de uma fonte.

O viajante pára, mata a sede e continua o seu caminho”

João Fontes

17 anos – Aveiro

Escola Secundária José Estêvão

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