Caminha Povo de Deus!

1.Sede bem-vindos, amados diocesanos, a esta bela cidade de Aveiro, que, hoje, tem as cores da alma das cento e uma paróquias da nossa Diocese.

A Sé, nossa igreja-mãe, o Convento de Jesus, onde viveu e repousa a nossa Padroeira e a estátua de Santa Joana Princesa, homenagem de Aveiro, envolvem e abençoam este espaço humano, que a Eucaristia transforma em mesa divina. Aqui pulsa o coração, cristão, forte e irradiante, da Igreja diocesana, a viver em Missão Jubilar.

Em 12 de Maio de 2008, anunciei a decisão de convocar uma Missão Jubilar, por ocasião da celebração dos setenta e cinco anos da restauração da Diocese. Esse primeiro anúncio, dirigido a vós, irmãos sacerdotes, convidava-nos a sermos mensageiros felizes das bem-aventuranças, a vivermos como discípulos de Jesus, a abrirmos as portas da Igreja para caminhos novos de diálogo com o mundo e a ampliarmos o anúncio do evangelho a novas periferias de missão.

Soubemos preparar juntos a Missão. Queremos viver juntos em Missão. Hoje peregrinamos juntos ao túmulo de Santa Joana, evocando a sua morte, a 12 de Maio de 1490. Juntos, estamos a construir uma Igreja de rosto belo e de alma missionária em Aveiro.

Não somos sonhadores passivos num mundo em mudança. Somos cristãos conscientes a viver a beleza da fé, em Ano da Fé, e nesta primavera da Igreja, que as palavras simples e os gestos proféticos do Papa Francisco diariamente nos trazem.

  1. Sede bem-vindos a Aveiro, amados diocesanos, em domingo da Ascensão do Senhor e em Dia mundial das Comunicações Sociais. Saúdo quantos estão em comunhão connosco, nesta Eucaristia, através do canal de televisão da diocese.

Na oração inicial desta celebração rezámos assim: “Deus omnipotente, fazei-nos exultar de alegria e em filial acção de graças, porque a ascensão de Cristo, vosso Filho, é a nossa esperança (Colecta da Missa da Ascensão).

Este foi igualmente o pedido de bênção de S. Paulo a favor dos cristãos de Éfeso: “O Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo vos conceda um espírito de sabedoria para O conhecerdes plenamente e ilumine os olhos do vosso coração, para compreenderdes a esperança a que fostes chamados” ( Ef 1, 17-23).

  1. Lucas, por seu lado, põe na boca de Jesus uma preciosa recomendação, dada aos seus discípulos: “Sede minhas testemunhas em Jerusalém e em todos os lugares da Terra” ( Act, 1, 1-11).
  2. Somos discípulos e testemunhas de Jesus Cristo. Esta certeza, de que nos fala a liturgia, é âncora agarrada ao Céu e à qual nos ligamos para caminhar na Terra.

Não somos super-heróis nem lutadores solitários. Somos Igreja peregrina. Igreja conciliar. Que não esquece o seu caminho próprio, a sua história específica, o seu percurso sinodal! Caminhamos com a audácia dos discípulos de Jesus. Sabemos que a nossa casa é o mundo, a nossa arma é o amor e o nosso tempo é agora.

Anunciar Jesus Cristo no contexto próprio do nosso tempo exige de nós liberdade e coragem para olhar horizontes maiores de missão, lançar as redes em águas mais profundas e gastar a vida ao serviço do evangelho. Animemo-nos uns aos outros a seguir Cristo de perto, colocando carismas e dons ao serviço da Igreja e do Mundo.

São belas e oportunas as palavras de Paulo VI: “Tenhamos sempre em nós a doce alegria de evangelizar”. ( Ev. Nunt. 80).

Encontro diariamente em vós mensageiros, missionários e coordenadores, catequistas, animadores juvenis e vocacionais, escuteiros, professores de Educação Moral e Religiosa Católica e tantos outros agentes de pastoral, a resposta generosa e feliz a este apelo de Paulo VI. E somos todos nós, leigos, consagrados (as), diáconos, seminaristas, presbíteros e bispos, chamados a confessar a fé, a caminhar e a edificar a Igreja.

“Vive esta hora, Igreja de Aveiro!”, para que o mundo possa tocar de perto o amor de Deus e daí irradie o anúncio feliz do evangelho.

  1. A Peregrinação não termina aqui. Reconduz-nos às nossas terras. O Senhor alimentou-nos nesta Peregrinação com a força da Palavra, com o Pão da Vida e com a alegria da esperança, que nos animam e fortalecem. Daqui nos reenvia o mesmo Senhor, como peças deste Barco, símbolo da missão, transformado em altar da Eucaristia, para esta nova etapa da Missão Jubilar e para este viver feliz como Igreja de Jesus Cristo em Aveiro.

O Senhor renovou em nós forças e esperanças. Há muito caminho a percorrer. Não há cansaço, desalento, nem obstáculos que a alegria vivida, a Palavra recebida e o Pão repartido não transformem diariamente pela acção do Espírito e pelas mãos da Missão Jubilar, em audácia missionária e em vigor apostólico!

O Pão aqui multiplicado é pão da festa e do caminho que só os peregrinos sabem saborear. É Pão do espírito a aliviar o desgaste do corpo. É Pão repartido entre irmãos a gerar a comunhão e a fortalecer a unidade.

  1. A Peregrinação é experiência de vida e património de história que se faz escola e herança para os jovens e para as crianças de hoje.

Queridos jovens e crianças:

Vós fostes os primeiros a manifestar o desejo de peregrinar a Aveiro. Viestes ontem e hoje mais cedo para sentir o encanto do tempo longo entre vós, da presença demorada junto do túmulo da nossa Padroeira, de marchas e jogos de cidade, seguindo os passos de Santa Joana, de momentos de oração partilhados, de testemunhos de vocação recebidos, de festa vivida e prolongada pela vigília da noite.

Vós sois esperança desta Igreja de Aveiro. Trazeis convosco o encanto da alegria, a beleza da fé e o testemunho da verdade da vida! Seja esta vossa experiência de crianças e jovens cristãos, gérmen e fermento de vidas entregues por inteiro à causa do Reino, no ministério presbiteral ou na vida consagrada.

Queridos jovens e crianças:

É vossa e para vós a Missão Jubilar. Projectai-a no futuro! Prolongai-a no tempo. Fazei-a frutificar no coração do mundo!

Parti para a missão, firmados na fé e enraizados em Cristo. Ele acompanha-vos no caminho até à meta que só Ele conhece. Este caminho nunca se fará sem vós, sem a vossa disponibilidade e generosidade para seguir Jesus. Assim fez Santa Joana.

  1. Ao convocar esta Peregrinação pensei muito nas famílias, naquelas que sentem a alegria da felicidade e o aconchego abençoado da vida e do amor e naquelas que passam momentos maiores de provação e de sofrimento.

Neste primeiro dia da Semana da Vida, saúdo-vos queridas famílias da nossa Diocese. Vós sois berço abençoado da vida e escola necessária da fé!

O olhar do meu coração volta-se, agora, para os idosos, doentes, reclusos, para todos os que sofrem provações e para quantos estão privados de liberdade, de trabalho e de esperança. Pedi-vos, em mensagem dirigida à Diocese, para nos acompanhardes nesta Peregrinação pela oração mesmo que seja distante, tímida ou discreta. Sei que a pedagogia evangelizadora presente em todos os momentos e caminhos da Missão Jubilar tem tornado a Igreja mais presente, mais materna, mais próxima e mais solidária.

Não esqueço os que não partilham a nossa fé e os que não crêem. Somos uma Comunidade humana que se respeita nas diferenças e se valoriza nas diversidades. E sei que, mesmo para os que não têm fé, Santa Joana é honra e tesouro de Aveiro, a unir e a congregar as suas gentes.

Decidiu a Câmara Municipal de Aveiro atribuir a medalha de ouro da cidade à Diocese de Aveiro. Recebi ontem essa distinção das mãos do senhor Presidente da Câmara e do senhor Presidente da Assembleia Municipal, a quem saúdo, assim como todas as autoridades aqui presentes. Quero partilhar essa honra, que não me pertence nem por direito nem por mérito, com D. António Marcelino, meu predecessor, e com D. António dos Santos, que foi membro do nosso presbitério e bispo auxiliar, aqui presentes, e com todos vós, que sois a alma viva e o rosto belo da Igreja de Aveiro.

  1. O mundo em que vivemos, precisa de modelos para ser feliz. A Igreja que somos necessita de exemplos de vida para nos tornarmos rosto de Cristo. Neste Dia de Peregrinação, juntos e em festa assumimos Santa Joana, nossa Padroeira, como modelo de discipulado de Jesus Cristo.

O seu testemunho de amor a Deus e de serviço na verdade da caridade deve moldar o nosso coração. Com Santa Joana aprendemos este amor único por Aveiro que nos faz trabalhar com alegria, abraçando sonhos e projectos da nossa Terra.

Queremos assumir as dores de um povo magoado pelas injustiças sociais, ferido pela pobreza e ameaçado pelo desemprego crescente, mas que não desiste perante o futuro nem perde a esperança diante das dificuldades.

Viemos ao encontro da nossa Padroeira, para aqui fazermos descansar o nosso coração, como tantos outros peregrinos que, neste mês de Maio, também percorrem os caminhos de Portugal rumo ao Santuário da Mãe de Jesus e nossa Mãe, em Fátima.

Voltamos renovados para nossas casas. Alguns de vós vieram em peregrinação pela primeira vez. Um povo peregrino é um povo de pé. Um povo peregrino é um povo que caminha e edifica a Igreja. Sabemos todos que não há problemas sem caminhos. Peregrinar é caminhar com alegria e coragem na presença do Senhor. Assim «a Igreja vai para diante», diz-nos o Papa Francisco.

É de todos vós e por toda a Diocese esta minha oração:

Santa Joana olha esta tua cidade e diocese. Princesa e Padroeira, renova a nossa esperança na vida e a nossa confiança em Deus.

Olha este povo peregrino, fortalecido pelo dinamismo da Missão, pelo silêncio do coração, pela alegria da fé e pela festa da vida, que aqui vivemos junto de Ti.

Que o teu olhar sereno, feito de ternura e de protecção, nos aumente o desejo de vivermos juntos como irmãos, nos fortaleça a esperança cristã diante do futuro e nos ajude a construir a Igreja de Jesus Cristo, em Aveiro.

Olha estes peregrinos que caminharam até junto de Ti. Acompanha-os. Protege-os. Abençoa-os.

Não nos soltes da tua mão. Não nos desprendas do teu coração. Ámen.

António Francisco dos Santos, bispo de Aveiro

 


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