Pastoral das paróquias

A paróquia necessita de renovação e tal realidade passa por um repensar profundo da forma missionário desta[1]. O normal é que a paróquia suscite vocações da mais variada ordem, em que a pessoa que cresce rumo à maturidade da fé – que vive a sua fé na expectativa da doação e não apenas de consumir sacramentos – para se questionar sobre a sua vocação. Agora, todos somos vocacionados, onde alguns são chamados a uma vocação presbiteral, mas onde existem muitas outras formas de vocação, nos mais variados âmbitos de vida e forma distintas.

A cultura vocacional numa paróquia procura dotar da consciência de que é necessário que todos os chamados colaborem no crescimento da fé dos irmãos e por isso se tornem chamantes. De facto, o testemunho cristão e a mediação humana são realidades incontornáveis na Pastoral das Vocações. De facto, mais que as metodologias, importa sobretudo a qualidade das pessoas e o seu testemunho.

A paróquia é sempre o lugar onde a vida cristã se desenvolve, onde se amadurece na fé, onde é possível acontecer o chamamento de Deus. É por excelência o lugar da comunidade, onde se deve ter em conta a dinâmica integral das dinâmicas da fé e também a estratégia dos itinerários da fé. Por outro lado, uma paróquia sem consciência vocacional é uma paróquia morta.

O cuidado da maturidade espiritual da paróquia passa por opções de vida que se traduzem diariamente. Isto contrapõe a cultura da indecisão e não-compromisso definitivo que se vive hoje. Talvez seja importante ajudar os jovens com etapas em que estes têm de tomar decisões. É importante ajudar a dar critérios cristãos para perceber o bem recebido, cuidar da formação da consciência e abertura à voz de Deus e reconhecimento da prória verdade, promover a vida do quotidiano com valores cristãos – como viver as férias, a escola, as amizades, o vestir ….por outro lado, que propostas de sentido de vida têm as nossas paróquias?

A mediação pedagógica para a vocações acontece em paróquia pelos pilares fundamentais: liturgia, serviço, comunhão e anúncio. É nestes aspectos que englobam a paróquia e a vida dos seus paroquianos que a pastoral vocacional acontece. De facto, é por meio destes pilares que se dá o crescimento da fé. Cuidar destes aspectos é fundamental do ponto de vista vocacional, pois têm a lógica do quotidiano que vai formando a consciência. Sem esta, dificilmente uma jornada vocacional numa paróquia terá sentido e será eficaz.

Contudo, importa harmonizar estes aspectos para não sobrevalorizar um deles sobre os outros – algo que o subjectivismo actual parece muitas vezes favorecer. A maturidade vocacional precisa da maturidade humana e espiritual. A pessoa que é chamada para ser madura tem de se tornar o que é devido à humanidade, assim como deve-se tornar o que é pedido a cada crente. Com efeito, deve-se garantir a objectividade, a verdade, que salva a subjectividade, ou seja a liberdade. Sem esta dimensão o percurso vocacional fica inquinado e regra geral é pouco fecundo e não chega ao fim.

A oração pelas vocações é muito importante e primordial, mas não pode ser vista apenas como a açcão pastoral vocacional, mas deve ser inserida num âmbito mais vasto da acção paroquial, ou seja como suporte de facto à restante acção pastoral.

Em suma, nas paróquias compete[2]:

  • sensibilizar para uma visão da comunidade paroquial como uma comunidade de ministérios;
  • sensibilizar para a realidade das vocações, nomeadamente para as vocações de especial consagração;
  • promover grupos de oração pelas vocações;
  • promover momentos de formação sobre a Vocação;
  • sensibilizar as famílias, os catequistas, os educadores, os movimentos, os agentes pastorais para a urgência da Pastoral Vocacional;
  • criar uma equipa de animação vocacional;
  • dinamizar, entre outras, a Semana Diocesana dos Seminários e a Semana de Oração pelas Vocações.

[1] Amadeo CENCINI, Uma paróquia vocacional, Paulinas, p. 8. Sigo de perto a reflexão do autor.

[2] CEP, Bases da pastoral vocacional, 2004, n. 26.