
Homilia da instituição dos ministérios laicais
Jesus a caminho do Calvário é sinal de contradição para aqueles que O observavam e que estão representados no malfeitor que o insultava – “salva-te a ti mesmo e a nós também”, mas é também sinal de misericórdia para tantos que o acompanham e que estão presentes nas palavras de Jesus – “hoje estarás comigo no Paraíso”.
O hino cristológico da Carta aos Colossenses diz-nos que Deus Pai “nos libertou do poder das trevas e nos transferiu para o Reino do seu amado Filho. (…) porque Ele é a imagem do Deus invisível, o primogénito de toda a criatura”.
Que reino celebramos hoje e que é pedido a cada um de nós construtores deste Reino?
O prefácio da Eucaristia desta solenidade de Cristo Rei diz-nos que, tal como Jesus, também nós devemos entregar a Deus Pai um reino eterno e universal: reino de verdade e de vida, reino de santidade e de graça, reino de justiça, de amor e de paz.
Nesta Eucaristia festiva a nossa Diocese dá hoje passos significativos na corresponsabilidade laical na construção do Reino de Deus em terras de Aveiro com a instituição nos ministérios laicais de catequista (29), leitor (10), acólito (8) e no serviço da caridade (5) de muitos dos nossos leigos que já colaboram nas nossas comunidades cristãs para que Jesus seja mais conhecido e amado. O Papa Francisco, de feliz memória, no Motu próprio Spiritus Domini, afirma: «O compromisso dos fiéis leigos certamente não pode e não deve esgotar-se no exercício dos ministérios não ordenados, mas uma melhor configuração destes ministérios e uma referência mais precisa à responsabilidade que nasce, para cada cristão, do Batismo e da Confirmação, pode ajudar a Igreja a redescobrir o sentido de comunhão que a carateriza e a iniciar um renovado compromisso na catequese e na celebração da fé».
Daqui nascem as notas que caracterizam a vossa missão: Os ministérios devem ser considerados uma verdadeira vocação, isto é, um chamamento da Igreja que reconhece em tal pessoa um projeto divino sobre ela, a fim de servir o Povo de Deus e a sua missão; conferidos a leigos que os exercem com verdadeira corresponsabilidade na missão; correspondem a uma verdadeira necessidade na medida em que tais ministérios são de importância vital para a missão da Igreja; ordenam-se ao bem da Igreja e o seu exercício só faz sentido inserido na comunhão dessa mesma Igreja; os ministérios instituídos conferidos a leigos concretos são, em princípio, estáveis e prolongados no tempo.
Caros amigos:
O essencial do vosso ministério sintetiza-se nas seguintes dimensões:
Ministério do Catequista: Ao receberem o Crucifixo é dito a cada um de vós: “Recebe este sinal da nossa fé e anuncia-O com a vida, os costumes e a palavra”.
Ministério do Leitor: “Anuncia fielmente a Palavra de Deus, para que ela seja cada vez mais viva no coração dos homens”.
Ministério de acólito: “Recebe o vaso com o pão e vive de tal modo que possas servir a mesa do Senhor e da Igreja”.
Serviço da caridade: “Entrega-te generosamente ao auxílio dos irmãos com todo o coração e com todas as forças”.
Que Maria vos abençoe e acompanhe na vossa missão. Amen.
Aveiro, 23 de novembro de 2025.
+ António Manuel Moiteiro Ramos