
Mosteiro Invisível Vocacional
Nº 15| Julho – Setembro 2025
Caros amigos,
A vida apresenta-se sempre como uma transformação permanente. Somos seres em mudança, embora guardando a nossa identidade. E o mesmo se passa na vida cristã. Assim no-lo mostra o Evangelho, no episódio da transfiguração de Cristo. A palavra transfiguração vem precisamente do grego metamorphosis, de onde se origina metamorfose ou transformação. Assim, toda a vida cristã e toda a vocação nunca ficam estáticas, mas, como é próprio da vida, abrem-se a novos horizontes de ação e de missão.
A transformação também faz parte da vida da Igreja, neste tempo em que se assumem novas missões e se entregam outras. Quero, neste momento, deixar uma saudação amiga a todos, neste último boletim do Mosteiro Invisível Vocacional que dirijo.
Este caminho foi sonhado há já 4 anos com a primeira equipa e, mais tarde, enriquecido com muitos outros elementos. Por isso, deixo aqui um agradecimento especial a todos os que se dedicaram a este serviço. Estendo o mesmo sentimento a todos os animadores vocacionais, com quem sonhámos e nos esforçámos por colocar a pastoral vocacional no caminho das nossas paróquias. Encontrámos dificuldades, como é próprio de quem abraça uma missão; mas também vivemos a alegria de caminhar ao ritmo do coração de Cristo e com a sua ajuda.
Foi trave mestra do nosso trabalho o cuidado de todas as vocações. Em 2022, no Simpósio do Clero em Fátima, ouvíamos a Ir. Nathalie Becquart — nomeada em 2019 secretária do Sínodo sobre a Sinodalidade e, anteriormente, diretora do Serviço de Vocações da Conferência dos Bispos de França — afirmar: “Para termos vocações sacerdotais, precisamos de promover todas as vocações, e não trabalhar em competição para termos vocações sacerdotais ou religiosas. Precisamos das famílias onde as vocações são geradas.”
Foi esta a visão que procuraram refletir as nossas vigílias de oração, promovidas nas paróquias que nos acolheram na Diocese de Aveiro.
A todos, de coração, agradeço o esforço, a oração e a dedicação. Confiante de que é o Senhor quem conduz a história e cada vocação, sigo com gratidão e deixo-vos nas mãos
d’Aquele que tudo transforma.
Em comunhão fraterna,
Pe. João Santos
SER VOCAÇÃO
A palavra «vocação» pode-se entender em sentido amplo como chamamento de Deus. Inclui o chamamento à vida, o chamamento à amizade com Ele, o chamamento à santidade. Isto tem um grande valor, porque coloca toda a nossa vida diante de Deus que nos ama, permitindo-nos compreender que nada é fruto dum caos sem sentido, mas, pelo contrário, tudo pode ser inserido num caminho de resposta ao Senhor, que tem um projeto estupendo para nós. O ponto fundamental é discernir e descobrir que aquilo que Jesus quer de cada jovem é, antes de tudo, a sua amizade.
A vocação, no sentido específico, é chamamento para o serviço missionário dos outros. O Senhor chama-nos a participar na sua obra criadora, prestando a nossa contribuição para o bem comum com base nas capacidades que recebemos. A vocação tem a ver com o nosso serviço aos outros. A nossa vida na terra atinge a sua plenitude, quando se transforma em oferta.
A tua vocação não consiste apenas nas atividades que tenhas de fazer, embora se manifeste nelas. É algo mais! É um percurso que levará muitos esforços e muitas ações a orientar-se numa direção de serviço. O que confere um valor muito grande a tais tarefas, pois deixam de ser uma soma de ações que a pessoa realiza para ganhar dinheiro, para estar ocupada ou para agradar aos outros. É reconhecer o fim para que fui feito, o objetivo da minha passagem por esta terra, o plano do Senhor para a minha vida.
Para realizar a própria vocação, é necessário desenvolver-se, fazer germinar e crescer tudo aquilo que uma pessoa é. Não se trata de inventar-se, criar-se a si mesmo do nada, mas descobrir-se a si mesmo à luz de Deus e fazer florescer o próprio ser: «Nos desígnios de Deus, cada homem é chamado a desenvolver-se, porque toda a vida é vocação». A tua vocação orienta-te para tirares fora o melhor de ti mesmo para a glória de Deus e para o bem dos outros.
(Adaptado de Cristo Vive, 248-257)
PÁRA. ESCUTA. REZA.
Sento-me confortavelmente
Invoco a presença do Senhor: Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo
Concentro-me no meu respirar e procuro sentir o bater do meu coração
Escuto a canção proposta e tomo nota de como me faz sentir.
Oração de São Pedro
(Pe Nuno Tovar de Lemos – link)
Leio o excerto do Evangelho de S. Lucas
Quando Ele estava a sair para o caminho, veio a correr um homem que, caindo de joelhos diante dele, lhe perguntou: «Bom Mestre, que devo fazer para receber como herança a vida eterna?». Jesus disse- -lhe: «Porque me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus. Sabes os mandamentos: Não mates; não cometas adultério; não roubes; não levantes falso testemunho; não cometas fraudes; honra o teu pai e a tua mãe». Ele respondeu-lhe: «Mestre, tudo isso tenho observado desde a minha juventude». Então Jesus olhou para ele com amor e disse-lhe: «Falta-te uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Então vem e segue-me». Ele ficou chocado com estas palavras e foi-se embora triste, pois tinha muitos bens.
Como me vejo neste momento? Com quem me identifico mais? Com Pedro que escuto na canção e que confia no Senhor ou com o homem do Evangelho? Que se choca e se afaste de Jesus?
O que me impede de aceitar o desafio de Jesus «lança as redes, confia em Mim», de acolher o Seu convite «vem e segue-me»?
E eu, a que me chama o Senhor?
COMPROMETE -TE
«Muitas vezes, na vida, perdemos tempo a questionar-nos: “Quem sou eu?”
E podes passar a vida inteira a questionar-te, procurando saber quem és. Mas a pergunta que te deves colocar é esta: “Para quem sou eu?”»
Francisco, Discurso na Vigília de Oração de preparação para a XXXIV Jornada Mundial da Juventude
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