3. Igrejas de culto privado
3.1. A Igreja na Quinta de Nossa Senhora das Dores em Verdemilho
3.2. A Igreja na Quinta de São Tomé em Verdemilho
A Quinta de São Tomé em Verdemilho foi instituída por Filipe da Cruz Paio em 1837. Localizamos o processo de instituição de Capela no Arquivo da Universidade de Coimbra …
3.3. A Igreja na Quinta de Nossa Senhora da Oliveira da Cardoza, limite de Verdemilho e Bonsucesso
A quinta de Nossa Senhora da Oliveira fica situada no limite de Verdemilho com o Bonsucesso, com frente para estrada que hoje passa na actual Igreja Matriz de São Pedro, no mesmo lado que a Quinta de Nossa Senhora das Dores. Originariamente compunha-se de grande extensão de terra lavradia com casas térreas de habitação, albergarias, pomar, terras lavradias e mais pertenças, e que tinha como entrada um arco com a imagem de Nossa Senhora do Carmo [56], hoje inexistente, sita num pequeno outeiro que confina com a levada das azenhas que desce do lugar do Bonsucesso e desagua na Malhada de Eirô. A Capela foi instituída por dois irmãos religiosos junto da sua quinta de residência no sítio da Cardosa em 1748.
[57] Dizem Manuel da Cunha Rebelo presbítero do hábito de São Pedro, natural e morador na Vila de Aveiro e António da Cunha Rebelo vigário da Paroquial Igreja de São Martinho do Bispo, que eles suplicantes pretendem construir e edificar uma capela com a invocação de nossa Senhora da oliveira sita no lugar da Cardosa freguesia de São Pedro das Aradas com bens competentes de raiz que bastantes sejam seu rendimento para a sua fábrica, reparação e ornamentos livres e desembargados de que resulta utilidade pública não só aos caminhantes, mas ainda ás inúmeras pessoas de um e de outro sexo que costumam quotidianamente passar pela estrada que não fica em distancia da Capela, como são os moradores de Ílhavo, Val de Ílhavo e Souza a vender pão, peixe e outros géneros comestíveis para a Vila de Aveiro e porque se não pode entrar na edificação da dita Capela sem licença expressa do ordinário.
Em observância do despacho de V. M. fui pessoalmente ao sitio da Cardoza que está dentro dos limites da Freguesia de São Pedro das Aradas e fazendo vistoria ao lugar em que os suplicantes pretendem erigir a Capela com a invocação de Nossa Senhora da Oliveira achei que era decente muito conveniente e útil a erecção dela não só para os fregueses da Igreja Paroquial de São Pedro, por alguns deles terem a sua habitação e domicilio em grande distância da Freguesia como para os passageiros e caminhantes e outras pessoas de diversas freguesias que costumam vir a esta Vila de Aveiro ainda em dias santos a vender pão e outros géneros comestíveis e fica a capela em pouca distancia da estrada para poderem ir ouvir missa; e não menos útil para os suplicantes que intentam assistir a maior parte do ano com toda a sua família, utilizando-se de ouvir missa todos os dias. E ouvindo o reverendo pároco de São Pedro das Aradas, que se achava presente assentiu em todo o referido; à vista do que entrei a examinar o lugar da erecção da predita Capela e sitio para ela, e constará a grandeza dela de 36 palmos de comprido e vinte da largo, para o que lhe pus marcos e balizas e fica a dita capela com alguma separação das casas da quinta e da cura doméstica sem que hajam os suplicantes nem a sua família de usar dela mais que para o ministério da missa e fazem nela oração, por terem casas superabundantes para viverem e se acomodarem e me parece que se lhes deva conceder licença para se poder edificar e erigir a Capela mencionada, 30 de Janeiro de 1748 O Vigário Frei António da Cruz. [58]
Escritura de dote de Capela. 1748, Março, 11 feita no sítio do Senhor do Cruzeiro que é dentro da Vila de Arada.
Devem os reverendos suplicantes fazer escritura de fábrica à dita Capela obrigando bens de raiz cuja escritura farão declarando nela ser a dita Capela Eclesiástica e da sua jurisdição, e como tal será visitada pelos seus Visitadores. Obrigação com hipoteca da quinta da Cardoza que consta de vinhas, pomares e terras lavradias que vale cerca de 500$000 reis e renderam em cada ano 30$000 réis livres deductis expensis, tabelião João Pedro Ribeiro Saraiva de Figueiredo.
Auto de revista:
Achei a dita Capela muito perfeita e acabada e asseada com sua pia de pedra e fechada com suas portas edificada e erigida no sitio por mim demarcada e abalizada, com as mesmas medidas de comprimento e largura de que já dei informação na qual se pode sem escrúpulo algum celebrar o santo sacrifício da missa por estar com toda a decência e ter seu altar seguro e fixo com seu frontal branco e vermelho e sua pedra de ara forrada de pano de linho, três toalhas de pano de linho, duas lisas e uma com renda, e no altar uma imagem de santo Cristo muito perfeita e no retábulo a imagem de Nossa Senhora da Oliveira perfeitíssima invocação e padroeira da dita Capela, tendo todos os paramentos necessários que são: um cálice com sua patena e colher de prata tudo sobredourado e novo, duas mesas de corporais com suas palas de linho e rodeados de renda, com duas bolsas e dois véus de seda um branco e outro vermelho, uma vestimenta ou casula branca com seu amito e cordão, meia dúzia de sanguíneos, umas galhetas de prata com seu manustérgio, um missal moderno com sua estante e seus castiçais. Aveiro 21 de Julho de 1748. O Vigário Frei António da Cruz.
A Memória Paroquial de 1759 aponta como proprietário da referida Capela o Dr. Luís António Rozado da Cunha, que supomos ser um familiar dos instituidores, cujo parentesco não conseguimos apurar.
A propriedade da quinta foi posteriormente adquirida por Salvador José Joaquim Durão [59],escrivão da Câmara e Almoçatarias de Aveiro, tendo sido requalificada e edificado junto da Capela e casa um complexo com jardim composto de bancos e fontanário dedicado a São João Baptista, com a inscrição epigráfica de 1817.
Diz Salvador José Joaquim Durão, Cavaleiro professo da Ordem de Cristo e criado particular de sua Majestade, e que se acha presentemente vivendo com a sua família no lugar de Verdemilho, numa quinta que comprou e como na dita quinta tem uma capela muito decente, consultou o Superior com o seu pároco se a poderia continuar, visto ter a dita Capela duas portas, uma particular e outra pública. 31 de Agosto de 1778. Foi concedida 2ª licença para celebração de missa. [60]
Mais tarde, no começo do séc. XIX, José Fernandes Melício, natural da freguesia de Avelãs da Ribeira e sua mulher D. Maria da Conceição Melício, da freguesia de Codesseiro, ambas no concelho da Guarda [61] adquiriram a Quinta da Oliveira para sua residência, que, fugindo por ocasião da última invasão francesa deixaram e venderam as terras da sua naturalidade que haviam herdado, dedicando-se ao comércio em Aveiro [62]. Aqui passou a sua infância o Dr. Agostinho Fernandes Melício, nascido em 15 de Janeiro de 1920, filho destes e distinto advogado, que, mais tarde casando com D. Felicidade Augusta Meireles Monteiro residiu na Quinta da Boavista em Verdemilho.
Em 17 de Janeiro de 1912, João Maria Simões de Oliveira [63] comprou a D. Leonor [64] Amélia da Silva Santiago Melício a Quinta de Nossa Senhora da Oliveira. Hoje, a Quinta da Oliveira, permanece propriedade da Sra. Auzenda Ratola de Oliveira filha de João Maria Simões de Oliveira e encontra-se em muito mau estado de conservação. A Capela, transformada em garagem, não alberga já o retábulo descrito nem qualquer imagem devocional.
Esta Quinta é conhecida também por vários autores [65], cremos que sem de veracidade histórica, como palco do célebre romance de Camilo Castelo Branco que descreve a história do médico e franciscano Dr. Brás Luís de Abreu, o conhecido “Olho de Vidro”. [66] Segundo o Dr. Alberto Souto, difusor deste pensamento, esta Quinta teria pertencido a um fidalgo, o fidalgo “sapateiro”, um dos denunciantes da conspiração contra D. José. [67]
3.4. A Igreja de Nossa Senhora da Assumpção da Quinta do Casal no limite de Verdemilho e Aradas – Hoje de Nossa Senhora da Esperança no Complexo Industrial da Extrusal
D. Maria Custódia Rangel de Quadros e Veiga, filha de António Rangel, casou com Manuel de Castanheda Cabral de Moura e Horta natural da Vila de Góis familiar do santo oficio, cavaleiro da Ordem de Cristo e sargento-mor da comarca de Coimbra, filho de Francisco Cabral Bello onde foi capitão e de sua mulher D. Maria de Castanheda de Moura natural de Arganil. Tiveram sete filhos, a primogénita foi D. Ana Catarina, freira no Convento de Jesus seguida de Francisco Caetano Cabral de Moura e Horta que faleceu em Setembro de 1755. [68]
3.5. A Igreja de Nossa Senhora da Conceição na Quinta da Conceição em Verdemilho do Morgado do Buragal
O Morgadio do Buragal foi instituído pelo casamento do Dr. Faustino Xavier de Bastos Monteiro e D. Joana Travassos de Vasconcelos a 3 de 1728. Tinha como propriedades entre outras a Quinta em Verdemilho de que seu tio o Rev. Pe. José Monteiro de Bastos morador na Vila de Aveiro era meio herdeiro e se compunha de Quinta com uma Capela com a invocação de Nossa Senhora da Conceição, tendo porta patente para a rua com boa perspectiva e no melhor sitio daquele lugar e que confinava no extremo sul com rua pública e caminho que vai para o Eirô [69]. Foi fabricada com licença do Exmo. e muito venerável Bispo de Coimbra D. João de Melo, e que para a qual pediu nova vistoria de revista da Capela e licença de celebração em 2 de Dezembro de 1712 a Frei Mathias de Almeida Prior de São Miguel da então Vila de Aveiro.
Em virtude do despacho de V. Ilust.a fui ao lugar de Verdemilho a ver a Capela que o R.do Sup.to tem na sua Quinta e achei que estava no melhor sitio daquele lugar, com porta para a rua e em parte murada de boa arquitectura, tem seu retábulo novo de obra salomónica ainda não dourado porem com toda a meudeza, e perfeição na peanha do meio a imagem de Nossa Senhora da Conceição, na do lado direito a de São Francisco, e na do lado esquerdo a de Santo António, imagens de vulto e estofadas e de boa e excelente escultura, tem seu púlpito e coro, estando limpa e asseada, bem reforçada e com toda a decência para nela se celebrar o santo sacrifício da missa para que tem tudo o necessário; o altar muito composto com seu frontal e pedra de ara, toalhas, cruz e castiçais, estante, missal, galhetas, cálice, patena, sanguíneos, corporais, capa e bolsa para eles, pala, manustérgio, amito, alva, cíngulo, estola, manipulo, casula, véu de cálice tudo novo e muito capaz e aviado com toda a decência para se celebrar o santo sacrifício da missa.
Foi-me apresentado pelo Rev. Superior a escritura da fabrica da dita Capela que vai junta, que é a metade da quinta em que está sita pela outra metade ser do seu património e é fazenda nobre e de muito rendimento, que consta de casas sobradas e terrenos, pomares, vinhas e terras lavradias com que me parece bem segura esta fábrica da dita Capela e segundo a informação que tomei foi erecta no tempo e com as circunstancias que o Sup.to velava em sua petição em sitio não sórdido nem inundado. Desorte que por todas as sobreditas razões me pare e que é muito do serviço de Deus Nosso Senhor e de sua Mãe Santíssima a Virgem Nossa Senhora da Conceição conceder V. Ilustríssima, licença de que nela se diga missa para maior culto e consolação deste povo a quem a dita capela de ornato por estar no meio dele e não prejudicar aos direitos paroquiais como informou o Rev. Pe. Cura Bernardo Leitão Pereira que aqui assinou comigo. 14 de Janeiro de 1713. O Prior Cristóvão Ferreira e Vasconcelos e o Pe. Bernardo Leitão Pereira.
3.6. A Igreja de São Bartolomeu na Quinta da Medela em Verdemilho
Segundo o Padre Luís Cardoso [70], a ermida de São Bartolomeu situava-se da quinta de Manuel da Fonseca e Vasconcelos.