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Vigília Pascal – Homilia

Vigília Pascal – Homilia

As leituras que foram proclamadas querem guiar-nos pelo caminho de Deus, isto é, conduzir-nos ao encontro com o Ressuscitado, aquele que nos oferece, por misericórdia, o amor de Deus.

No início da celebração, com a bênção do lume novo, pedimos que o Senhor nos conceda que a celebração das festas pascais acenda em nós o desejo do céu, para merecermos chegar, com alma purificada, às festas da luz eterna. No Precónio Pascal, a luz que brota do Círio Pascal dissipa as trevas da noite e, subindo até Deus, como suave perfume, junte a claridade às estrelas do céu.

As várias leituras, sete do antigo Testamento e duas do Novo, Epístola e Evangelho, conduzem-nos efetivamente ao encontro com o Ressuscitado. Celebrar a Vigília Pascal é aceitar e proclamar que a morte não tem a última palavra, que a dor e o sofrimento inocentes têm significado no Crucificado, que venceu a morte e agora está vivo. Esta noite, devemos deixar que o nosso coração se encha da alegria que nos oferece a ressurreição de Jesus.

Todo o Evangelho de S. Marcos, do qual ouvimos o relato do túmulo vazio – “Não vos assusteis. Procurais Jesus de Nazaré, o Crucificado? Ressuscitou, não está aqui” (Mc 16,6)” – ordena-se à revelação do mistério da ressurreição do crucificado. Dirigido a umas mulheres que apenas pensam num morto (embalsamar o corpo), não encontram nada no túmulo. A ressurreição do crucificado não é ideia de um homem, mas sim um ato de Deus. Logo no princípio (Início do Evangelho de Jesus Cristo, o Filho de Deus) se projeta a presença de Jesus vivo. Todo o Evangelho de Marcos está escrito e meditado na certeza da aceitação de que Jesus vive e fala hoje aos seus discípulos – chama-os e explica-lhes a verdadeira identidade da sua Igreja.

O grande desafio é sermos testemunhas de Cristo ressuscitado. Seguir Jesus não é uma opção cuja iniciativa seja nossa: os discípulos são destinatários de um convite; é Ele quem toma a iniciativa. O conteúdo do convite é o próprio Jesus, por isso a resposta ao seu chamamento exige entrar na mesma dinâmica que Ele imprimiu à sua vida. A nossa identificação com Cristo e os seus desígnios requerem o compromisso de vivermos em conformidade com Ele e de construirmos, com Ele, o Reino de amor, justiça e paz para todos. 

Atualmente, a proposta que deve ser feita a todos é a de despertar o desejo do Evangelho para, depois, chegarmos à maturidade cristã. Na Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho”, o Papa Francisco insiste que o anúncio de Cristo vivo e ressuscitado deve ocupar o centro da atividade evangelizadora e de toda a tentativa de renovação eclesial.

Estamos num mundo cheio de más notícias, que parece não ter uma meta para onde caminhar e onde existem sinais de guerra (Rússia, Ucrânia, Médio Oriente, Faixa de Gaza, conflitos terroristas em África, Haiti e tantas outras zonas do mundo…). Nós, os cristãos, acreditamos e continuamos a afirmar que a Vida em abundância está connosco, que Deus não ficou no túmulo e que a força da ressurreição de Jesus é capaz de transformar as nossas vidas e o nosso mundo.

Ele vai à nossa frente para a Galileia” (Vv7). Nesta noite, somos enviados a partilhar a nossa fé no Deus da vida, com a comunidade, com a família, com os amigos. É importante voltarmos à nossa galileia (a nossa vida) onde o Mestre nos chama para O seguirmos. Nos momentos de crise, de morte e de tristeza, temos de “voltar à galileia” porque somente aí podemos redescobrir a presença do Ressuscitado.

Uma santa e feliz Páscoa para todos.

Aveiro, 30 março de 2024.

António Manuel Moiteiro Ramos, Bispo de Aveiro

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