Novos Ventos – 17 de Dezembro

III Domingo do Advento – Ano B
Mensagem dominical das paróquias de Torreira e São Jacinto

Neste terceiro domingo de Advento a liturgia apresenta-nos a figura de João Baptista, João veio para dar testemunho da Luz que é Cristo. Duas dimensões importantes a salientar sobre a vida de João Baptista “anunciar e testemunhar”. Este é o “dever ser” de cada cristão, isto é, levar outros a conhecer Jesus não apenas intelectualmente como quem faz um curso académico, mas um conhecimento pessoal um “Enamoramento” como acontece na relação de matrimonial entre um homem e uma mulher que vão no diálogo e conhecimento reciproco descobrindo essa intimidade de um Amor verdadeiro e puro. Sabemos que João Baptista não era a Luz, mas em todas as ocasiões procura dar testemunho dessa Luz que é Cristo. Então, não basta anunciar é necessário por isso testemunhar com a própria vida o que Jesus realiza e a importância da Sua Vida em mim. Testemunhar significa tornar visível aos outros a forma como eu vivo o Evangelho, resumindo como faria Jesus no meu lugar, poderei usar algumas palavras mas se conseguir viver os outros perceberão que é Jesus que vive em mim.  

A Leitura do Livro de Isaías,  um profeta pós-exílico apresenta-se aos habitantes de Jerusalém com uma “boa nova” de Deus. A missão deste “profeta”, ungido pelo Espírito, é anunciar um tempo novo, de vida plena e de felicidade sem fim, um tempo de salvação que Deus vai oferecer aos “pobres”.

A Leitura de São Paulo aos Tessalonicenses, Paulo explica aos cristãos da comunidade de Tessalónica a atitude que é preciso assumir enquanto se espera o Senhor que vem… Ele pede aos discípulos de Jesus que sejam “santos” e irrepreensíveis, que vivam alegres, em atitude de louvor e de adoração, abertos aos dons do Espírito e aos desafios de Deus.

O Evangelho de São João,   apresenta-nos João Baptista, a “voz” que prepara os homens para acolher Jesus, a “luz” do mundo. O objetivo de João não é centrar sobre si próprio o foco da atenção pública; ele está apenas interessado em levar os seus interlocutores a acolher e a “conhecer” Jesus, “Aquele” que o Pai enviou com uma proposta de vida definitiva e de liberdade plena para os homens.


Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo Segundo São João

Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João. Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz. Foi este o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram, de Jerusalém, sacerdotes e levitas, para lhe perguntarem: «Quem és tu?». Ele confessou a verdade e não negou; ele confessou: «Eu não sou o Messias». Eles perguntaram-lhe: «Então, quem és tu? És Elias?». «Não sou», respondeu ele. «És o Profeta?». Ele respondeu: «Não». Disseram-lhe então: «Quem és tu? Para podermos dar uma resposta àqueles que nos enviaram, que dizes de ti mesmo?». Ele declarou: «Eu sou a voz do que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’, como disse o profeta Isaías». Entre os enviados havia fariseus que lhe perguntaram: «Então, porque batizas, se não és o Messias, nem Elias, nem o Profeta?». João respondeu-lhes: «Eu batizo na água, mas no meio de vós está Alguém que não conheceis: Aquele que vem depois de mim, a quem eu não sou digno de desatar a correia das sandálias». Tudo isto se passou em Betânia, além do Jordão, onde João estava a batizar.

Palavra da Salvação


Cristãos capazes de anunciar a alegria

O Evangelho deste Domingo III do Advento põe outra vez em cena a figura central de João Batista (Jo 1, 6-8.19-28). Lendo, porém, atentamente o texto do IV Evangelho, compreende-se que não convém a João o título de Batista, como se vê nos Evangelhos Sinóticos, em que aparece designado como «João o Batista» (Iôánnês ho baptistês) (Mt 3, 1; 11, 11; 14, 8) ou «João o que batiza (Iôánnês ho baptízôn) (Mc 1, 4). Na verdade, no IV Evangelho, ainda que se diga que batiza, nunca é dado a João o título de «Batista». Se algum título se ajusta ao João do IV Evangelho é o de «Testemunha», pois é para dar testemunho (martyréô) da Luz que ele se apresenta (Jo 1, 7-8). João aparece como que entalado entre os dois Testamentos, fechando, em modos de resumo, a porta do Antigo, e abrindo, em modos de sumário, a porta do Novo. O seu nome de «João», hebraico Yhôhanan, que significa « YHWH faz graça», a isso se presta admiravelmente, resumindo bem o afazer de Deus em todo o Antigo Testamento, e oferece o sumário de todo o Novo Testamento. «Deus faz graça» é todo o afazer de Deus na Escritura Santa. Além disso, o nome «João» dado a este menino não é um nome nosso, suportado pelos nossos registos civis, como bem constatam os seus familiares reunidos, aos oito dias, para a festa da circuncisão e da dádiva do nome. O habitual era dar ao filho varão primogénito o nome do pai ou de algum familiar próximo, o que não se verifica neste caso. O pai chamava-se Zacarias, e ninguém, entre os seus parentes, tinha o nome de João (Lc 1, 61), motivo pelo qual todos ficaram admirados (Lc 1, 63).

2. Se o nome dado ao menino sai dos moldes habituais, temos então de indagar mais a fundo o porquê deste dado novo. E veremos então que esse nome veio do céu, como refere o Evangelho de Lucas que põe o arcanjo Gabriel a reportar a Zacarias que o menino se chamaria João (Lc 1, 13). E o IV Evangelho di-lo com todas as letras e sem rodeios: «Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João» (Jo 1, 6). João surge, portanto, neste imenso texto do IV Evangelho sem qualquer amarra a este mundo: sem pai nem mãe (Zacarias e Isabel nem sequer são mencionados), sem proveniência terrena, sem introdução, sem luz própria. Só Deus o precede, o acompanha e o sustenta.


O Papa: o cristão deve ser aberto à Palavra de Deus e aos irmãos

Durante este período, “nos deixamos inspirar pela Palavra de Deus, pela vida de algumas testemunhas e pelo Magistério recente para cultivar a paixão pelo anúncio do Evangelho”, disse Francisco, recordando que o zelo apostólico “diz respeito a todos os cristãos, desde o início”. No Batismo, o celebrante diz, tocando os ouvidos e os lábios do batizado: “O Senhor Jesus que fez os surdos ouvir e os mudos falar, te conceda que possas logo ouvir a sua palavra e professar a fé”.

Jesus realiza um sinal prodigioso a um homem surdo. O evangelista Marcos descreve onde isso aconteceu: “No mar da Galileia. “O que esses territórios têm em comum?”, perguntou o Papa. “O fato de serem predominantemente habitados por pagãos”, respondeu. “Jesus é capaz de abrir os ouvidos e a boca, ou seja, o fenômeno do mutismo e da surdez na Bíblia é também metafórico e designa o fechamento aos apelos de Deus”, disse ainda Francisco, ressaltando que “há uma surdez física, mas na Bíblia quem é surdo para a Palavra de Deus é mudo, pois não comunica a Palavra de Deus”.

Somos chamados a abrir-nos

Outro sinal é indicativo: o Evangelho relata a palavra decisiva de Jesus em aramaico: Efatá significa “abre-te” que se abram os ouvidos e que se abra a língua. É um convite dirigido não tanto ao surdo-mudo, que não podia ouvi-lo, mas aos discípulos de então e de todos os tempos.

Também nós, que recebemos o Efatá do Espírito no Batismo, somos chamados a abrir-nos. “Abre-te”, diz Jesus a cada fiel e à sua Igreja: abre-te porque a mensagem do Evangelho precisa de ser testemunhada e anunciada! E isso faz pensar no comportamento do cristão. O cristão deve ser aberto à Palavra de Deus e ao serviço dos outros. Os cristãos fechados terminam sempre mal, pois não são cristãos, mas ideólogos, ideólogos do fechamento. O cristão deve ser aberto no anúncio da palavra e no acolhimento dos irmãos e irmãos.


Palavra de Vida (Dezembro)

«Vivei sempre alegres, orai sem cessar, dai graças em todas as circunstâncias, pois esta é a vontade de Deus a vosso respeito em Cristo Jesus». (1Ts 5,16-18)

No diálogo com fiéis de diferentes religiões e com pessoas de outras convicções, compreendemos ainda mais profundamente que orar é uma ação profundamente humana. A oração edifica a pessoa, eleva-a. 

Mas como podemos “orar sem cessar”? Escreve o teólogo ortodoxo Evdokimov: «… Não basta ter a oração, ter regras, ter hábitos; é preciso tornar-se oração, ser oração incarnada, fazer da própria vida uma liturgia, rezar através das coisas mais banais»[2]Chiara Lubich salienta que «podemos amar [a Deus] como filhos, quando o Espírito Santo enche o nosso coração de amor e de confiança no próprio Pai: aquela confiança que nos leva a falar frequentemente com Ele, a contar-Lhe tudo, os nossos propósitos, os nossos projetos”[3]

Há ainda um modo de rezar sempre que é acessível a todos: parar antes de cada ação e retificar a intenção com um “Por Ti”. É uma prática simples que transforma em contínua oração, a partir de dentro, as nossas atividades e toda a nossa vida. 

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