
Modos de interação entre ciência e religião
Uma Questão de Vulnerabilidade
Miguel Oliveira Panão
A encarnação de Deus em Jesus é um dos mistérios – não enigmas a resolver, – que mais perturba os meus amigos ateus no âmbito do diálogo entre ciência e fé. Por mistério entende-se uma realidade escondida que podemos aprofundar indefinidamente.
Há quem avance com argumentos possíveis para explicar o fenómeno biológico do nascimento de Jesus como um caso de partenogénese humana em Maria. Mas como em ciência é importante aferir a reprodutibilidade dos fenómenos, torna-se ingrato exigir isso da encarnação de Jesus uma vez que só aconteceu uma vez na história do universo. E não se repetirá.
Mas sabes, apesar da insistência nestes aspectos biológicos para questionar a fé do crente, parece-me que no fundo não traduzem a grandeza do fenómeno em si. Será mesmo assim tão importante perceber o mecanismo biológico da encarnação? Deus nasce bebé. Bebé! Consegues imaginar paradoxo maior do que este? É uma questão de vulnerabilidade.
Deus expõe-se de tal maneira às condições de possibilidade deste mundo adverso que faz da Sua vulnerabilidade um acto admirável de amor pela criação e, especialmente, pelo ser humano. A vulnerabilidade não é fraqueza, mas antes sinal de grandeza e coragem. Ao fazer-Se um connosco através da vulnerabilidade, Deus recorda-nos em cada Natal ser esse o caminho de redenção do mundo, a começar por nós próprios.
Neste Natal convido-te a experimentar a vulnerabilidade do menino. Expõe-te à experiência de amor que Deus quer fazer contigo. Com a vida virá a luz para saber como acolher estes mistérios e aprender a deixar que nos transformem a partir de dentro.