
Uma questão de perspectiva
Miguel Oliveira Panão
A ciência é um modo humano de conhecer a realidade que progride. Por isso, uma teoria melhor pode tornar a anterior obsoleta. Aqueles que olham apenas do ponto de vista da ciência, vêem a religião como um ponto central na vida de algumas pessoas, mas fora da realidade.
Por outro lado, a religião é o modo humano de se ligar com Deus, qual realidade-que-tudo-determina. Realidade última que nos chama do futuro a entrar numa relação cada vez mais profunda com Ele. O avanço na religião com um nova compreensão de Deus não torna a anterior obsoleta, mas reconhece o seu valor como uma camada que envolvia algo mais interior e profundo. Aqueles que olham apenas do ponto de vista da religião, vêem a ciência como algo útil, mas que não os ajuda a aprofundar a fé.
O problema das contradições entre ciência e fé está no olhar.
Na perspectiva.
Como são dois níveis distintos de interpretar a realidade à nossa volta, se reduzirmos o nosso olhar ao mesmo plano de interpretação podemos apenas ver um ponto de vista, ou o outro. Mas o que a Escritura desde sempre nos convida é “aspirai às coisas do alto” (Col 3, 2), significando isso “desejar ver com o olhar de Deus”. Ou seja, um convite permanente a renovar o nosso olhar.
Se o fizermos em relação a uma ciência que progride e avança, e a uma fé que aprofunda e radica, percebemos que não há melhor imagem do que a Cruz para expressar este ponto de vista.
E o ponto onde estes olhares se cruzam… és tu.