
Oratório Peregrino
Um oratório à maneira de um viático para tempos de carestia
Uma proposta desenvolvida em parceria com
Irmãs do Carmelo de Cristo Redentor – Aveiro
XIX Passo | Oração preferencialmente afectiva
- Nesta oração, a atenção do orante centra-se mais no amar do que no pensar; embora com a suficiente luz da fé e da Escritura para lhe permitir penetrar nos mais altos mistérios.
- Podemos ver nesta insistência de Teresa a lição aprendida naqueles longos anos de secura, em que não conseguia pensar nada (V 7, 17).
- A sua experiência prévia de ter companhia em Cristo e de com Ele falar revelar-se-lhe–á mais eficaz que outras técnicas artificiais, que tentarão afastá-la da consideração da Humanidade de Cristo.
Santa Teresa quer fazer um pedido a Deus. A cena de Betânia com Marta e Maria guia a sua oração. Ela conclui que só o amor dá valor às coisas e que único necessário é que o amor consiga que nada o impeça de amar. Por isso ela conclui a oração pedindo o conhecimento de Deus para O Amar.
Rezemos com Teresa e peçamos a Deus que nos faça conhecê-l’O e amá-l’O.
Lembro-me algumas vezes
Da queixa daquela santa mulher, Marta,
Que não se queixava só da sua irmã,
Mas tenho por certo que o seu maior sentimento
Vinha de lhe parecer que Vós, Senhor,
Não Vos importáveis com o seu trabalho
Nem que ela estivesse convosco.
Pareceu-lhe, porventura,
Que tínheis mais amor à sua irmã
Do que a ela.
Isto devia doer-lhe mais
Do que servir a quem ela tinha tanto amor,
Pois o amor faz ter o trabalho por descanso.
Decide não dizer nada a sua irmã
Antes, leva toda a sua queixa a Vós, Senhor,
Pois o amor fez com que se atrevesse a dizer-vos
Que não vos preocupáveis com ela.
Até pela resposta se vê ser e
Proceder o fundamento disto que digo:
Só o amor dá valor a todas as coisas;
E que seja tão grande
Que nada impeça o amar
É o mais necessário.
Mas como poderemos ter este amor, meu Deus,
Conforme ao que merece Jesus,
Se o amor que Vós nos tendes não se junta ao nosso?
Queixar-me-ei com esta mulher?
Oh! Não tenho nenhuma razão,
Porque sempre tenho visto no meu Deus
Muitas e muito grandes provas de amor,
Mais do que poderia pedir ou desejar!
Se não me queixo
É porque não tenho de que me queixar
Porque é grande para comigo a Vossa benignidade.
Que poderá pedir uma como eu?
Que me deis, Deus meu, com que eu Vos dê,
Para pagar alguma coisa do muito que Vos devo;
E que Vos lembreis de que sou obra das Vossas mãos
E que eu conheça quem é o meu Criador
Para que O ame.
Santa Teresa de Jesus