Modos de interação entre ciência e religião
Oitavo passo: ser paciente
Miguel Oliveira Panão
“Uma fé amadurecida deve suscitar a paciência para aguentar questões em aberto e o aguilhão da dúvida.” (Adaptado de Tomáš Halík e Anselm Grün, “O Abandono de Deus”, Paulinas, 2016)
Num mundo em que as ideias se movem à velocidade da luz, tudo parece resolvido num instante. Como eu quero, quando quero e onde quiser. A vivência do instante domina sobre a vivência do próprio tempo.
A poeira do excesso de informação não assenta e cedo nos damos conta da dificuldade em saber qual o caminho a seguir. O fruto daquilo que criamos é comido sem amadurecer. Logo, precisamos sistematicamente de novos frutos.
O amadurecimento exige tempo.
O tempo exige paciência.
A paciência exige desapego.
O desapego exige liberdade.
E a liberdade não exige, nem se exige porque é um dom gratuito.
As questões movem-nos, mas se ficam em aberto exasperam. Porém, aquele que saboreia a sabedoria da procura é paciente e o aguilhão da dúvida torna-se o impulso dessa procura.
A paciência é o oitavo passo no caminho da descoberta da Realidade-que-tudo-determina porque assenta na esperança de quem mantém os pés assentes no tempo, vivendo intensamente cada momento. Pois, não há fim para o caminho quando o caminho é o fim de cada passo.