Carta aberta aos deputados do Círculo de Aveiro
De um cidadão atento e preocupado com a possibilidade da legalização da eutanásia…
Ex.ma Senhora Deputada | Ex.mo Senhor Deputado
do Círculo de Aveiro
Sou Luís Silva, tenho 47 anos, e sou eleitor do círculo de Aveiro, residindo em Estarreja.
Tenho acompanhado, com muita preocupação, as notícias que nos falam da muito séria possibilidade de o Parlamento aprovar legislação que pretende legalizar a eutanásia.
Sei que cada deputado da nação assume as suas posições sustentado na convicção de estar a escolher o melhor para o seu país e para os cidadãos que neles depositam a sua confiança. Continuo a ter essa certeza, em relação à matéria que me leva a escrever-lhe. Sei que os que se propõem legalizar a eutanásia acreditam estar a escolher o que é melhor.
É com essa convicção (a da boa intenção de cada deputado) que, mesmo sabendo que muitos argumentos já terá ouvido, ouso propor-lhe que olhe este problema no prisma da reversibilidade e irreversibilidade das decisões.
Todos os argumentos que pretendem legitimar a legalização da eutanásia se sustentam em motivos que, se bem olhados, são reversíveis (o sofrimento, a dor, o abandono, a perda do sentido da vida, etc…). São, todos eles, argumentos muito fortes e válidos, mas, se olhados com honestidade, sempre reversíveis.
Só a morte é irreversível.
É com esta constatação que lhe peço e que, em nome da história que somos e que, em 1867, em nome desta mesma constatação, por considerar irreversível a morte, aceitou deixar de punir com a morte atos criminosos (por muito válidas que fossem as razões), lhe deixo o convite a que aceite escolher não permitir a legalização da eutanásia, confiando ao Estado a sempre nobilíssima missão de tudo fazer para reverter as razões que nos levam a pedir a irreversível morte.
Com verdadeira boa-fé e a intenção de contribuir para o maior bem de todos os portugueses,
Luís Manuel Pereira da Silva