Qua. Abr 24th, 2024

Carta aberta aos deputados do Círculo de Aveiro

De um cidadão atento e preocupado com a possibilidade da legalização da eutanásia…

 

Ex.ma Senhora Deputada | Ex.mo Senhor Deputado

do Círculo de Aveiro

Sou Luís Silva, tenho 47 anos, e sou eleitor do círculo de Aveiro, residindo em Estarreja.

Tenho acompanhado, com muita preocupação, as notícias que nos falam da muito séria possibilidade de o Parlamento aprovar legislação que pretende legalizar a eutanásia.

Sei que cada deputado da nação assume as suas posições sustentado na convicção de estar a escolher o melhor para o seu país e para os cidadãos que neles depositam a sua confiança. Continuo a ter essa certeza, em relação à matéria que me leva a escrever-lhe. Sei que os que se propõem legalizar a eutanásia acreditam estar a escolher o que é melhor.

É com essa convicção (a da boa intenção de cada deputado) que, mesmo sabendo que muitos argumentos já terá ouvido, ouso propor-lhe que olhe este problema no prisma da reversibilidade e irreversibilidade das decisões.

Todos os argumentos que pretendem legitimar a legalização da eutanásia se sustentam em motivos que, se bem olhados, são reversíveis (o sofrimento, a dor, o abandono, a perda do sentido da vida, etc…). São, todos eles, argumentos muito fortes e válidos, mas, se olhados com honestidade, sempre reversíveis.

Só a morte é irreversível.

É com esta constatação que lhe peço e que, em nome da história que somos e que, em 1867, em nome desta mesma constatação, por considerar irreversível a morte, aceitou deixar de punir com a morte atos criminosos (por muito válidas que fossem as razões), lhe deixo o convite a que aceite escolher não permitir a legalização da eutanásia, confiando ao Estado a sempre nobilíssima missão de tudo fazer para reverter as razões que nos levam a pedir a irreversível morte.

Com verdadeira boa-fé e a intenção de contribuir para o maior bem de todos os portugueses,

Luís Manuel Pereira da Silva


Imagem de Clker-Free-Vector-Images por Pixabay