Sex. Mar 29th, 2024

Georgino Rocha (Texto)

António Bracons (Foto) fasciniodafotografia.wordpress.com                         

A relação humana tende sempre ao bem maior, a partir das diferenças legítimas. Surgem, por isso, tensões salutares e, por vezes, rupturas que ferem e isolam. Um olhar à história e um observar a experiência oferecem-nos provas convincentes. Mas, como acontece na parábola do filho pródigo, ninguém se sente bem na solidão nem se humaniza ou se afirma como pessoa prestável à sociedade. E surge o desejo de refazer a harmonia inicial. E o rapaz volta à casa onde o Pai o espera de braços abertos e faz festa exuberante.

A reconciliação tem aqui a sua matriz. O casal lança mão do diálogo de revisão de vida e acerto de atitudes.  A exortação “A alegria do amor” do Papa Francisco constitui um bom guia para ver e rever a beleza desta matriz relacional, aprofundar o seu sentido e deixar-se envolver pelo seu dinamismo. Sirva de exemplo o capítulo V que tem por título “O amor que se torna fecundo”.

O Evangelho indica-nos caminhos de perdão, de correcção fraterna e de promoção da comunhão e de celebração sacramental.  Paulo clama aos cristãos de Corinto: “ Em nome de Cristo, vos suplico, reconciliai-vos com Deus”. Apelo que a Igreja faz ecoar ao longo dos tempos, propondo formas viáveis acessíveis e insistindo na dimensão humana, espelho do perdão divino. Tudo começa na relação interpessoal e, a partir dela, surgem todas as dimensões em que decorre a nossa existência e se constrói a história.

A sociedade conta com espaços de mediação para refazer as tensões e os conflitos: a iniciativa pessoal, as comissões de conciliação, os órgãos de concertação social, entre outros. E tudo para lançar pontes de comunhão e derrubar os muros de separação, para fazer brotar a riqueza da unidade que harmoniza as diversidades, para construir o bem comum que integra e potencia o bem de cada um.

O mundo surgido das mãos de Deus para Ele se encaminha. A harmonia original, bondosa e bela, vai-se refazendo com novo brilho em Jesus Cristo por meio do Espírito Santa, da Igreja e de todos os que colaboram nesta maravilhosa empresa. Entretanto, há urgência de concertar esforços e acertar estratégias para “transformar este mundo de selvagem em humano e de humano em divino, isto é, segundo o coração de Deus”. (Padre Lombardi, iniciador do Movimento por um Mundo Melhor, em 1952).