Qui. Abr 25th, 2024

70 ANOS DUDH | REFLEXÕES

 

A caminho de um mundo mais solidário

Diácono José Ferreira Alves*

“Cuidar da casa comum”, a denominação extremamente feliz do Papa Francisco, na Encíclica “Laudato Si”, num apelo veemente a que a nossa passagem pelo planeta seja feita de forma responsável, traz, a cada um de nós, um papel de responsabilidade acrescida na salvaguarda das condições de vida no planeta.

Cuidar da “Casa Comum” passa, também, por cuidar do próximo. Cuidar do próximo significa estabelecer as condições mínimas para uma vida com dignidade, logo, uma partilha de recursos e um respeito pela dignidade da pessoa humana.

Por isso mesmo, é necessário e imperioso o apoio aos que estão mais vulneráveis: desde logo, as crianças e as suas mães, em especial na maternidade.

Daí a importância do artigo 25º da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Artigo 25.º

  1. Toda a pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para lhe assegurar e à sua família a saúde e o bem-estar, principalmente quanto à alimentação, ao vestuário, ao alojamento, à assistência médica e ainda quanto aos serviços sociais necessários, e tem direito à segurança no desemprego, na doença, na invalidez, na viuvez, na velhice ou noutros casos de perda de meios de subsistência por circunstâncias independentes da sua vontade.
  2. A maternidade e a infância têm direito a ajuda e a assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimónio, gozam da mesma protecção social.

A Cáritas Diocesana de Aveiro, como organismo da Igreja Católica destinado à promoção e coordenação da ação social e caritativa, ao nível da Diocese, que promove e exerce a Ação Social em diversas áreas, através de Respostas Qualificadas e Humanizadas, priorizando situações de exclusão e contribuindo para o desenvolvimento e autonomia da Pessoa numa sociedade em constante transformação.

A Cáritas tem pugnado, através das suas múltiplas valências, pelo apoio aos mais necessitados. Os tempos de crise vieram trazer novos problemas, novas carências onde menos se esperava.

Da sua atividade, para além do apoio socio caritativo na sua forma mais tradicional de suprimento das necessidades básicas, gostaria de destacar outras formas de apoio às pessoas e às famílias.

Começaria por referir o Centro de Alojamento Temporário, destinado a proporcionar alojamento condigno a pessoas que dele carecem.

A preocupação com as crianças e as famílias está patente no nosso centro de acolhimento infantil com as valências de creche e pré-escolar, contribuindo para a formação das crianças e prestando um apoio fundamental às famílias durante os períodos em que os progenitores se encontram ocupados nas suas atividades laborais.

Através do Centro de Acolhimento Temporário para Crianças, cuidamos das crianças mais vulneráveis, que os tribunais entenderam confiar à nossa guarda temporária, e proporcionamos-lhes projetos de vida futura.

Também as vítimas de violência, nomeadamente violência doméstica, recebem o apoio através do Núcleo de Apoio à Vítima, numa competência territorial que ultrapassa a Diocese e se estende à área do distrito de Aveiro.

Há, ainda, um longo caminho a percorrer. Mas, com a ajuda de todos, estamos certos que podemos caminhar para um mundo mais solidário, onde a dignidade da pessoa humana seja respeitada.

*Presidente da Cáritas Diocesana de Aveiro

(Rubrica que se insere no âmbito das comemorações do 70º Aniversário da proclamação da Declaração Universal dos Direitos Humanos – Plataforma “Aveiro Direitos Humanos” / Diário de Aveiro)